Houve um tempo em que aquele garoto não precisava
Então ele tinha.
Passando, sentado, pelos lugares sem querer nenhuma palavra
Então ele ouvia. De estranhos, dos distantes, dos inexistentes.
Eu poderia, pois eu preciso de um pouco de ajuda
Mas eles se foram.
O garoto ficou. Sozinho, sem estranhos, sem rosto, com marcas.
Com o tempo ele não tinha, ele não precisava, mas ele desejava
Não estar aqui, ter coragem, mesmo ciente que era impossível.
Ele queria dizer adeus, mas eu não pude deixá-lo ir
Alguém deveria ter feito. Deveriam ter terminando com seus falas, antes de iniciadas.
Sem caminho, eu não poderia pronunciar palavras, nem sons, sem forças para escrever
Em papel molhado, com caneta firme, tinta suficiente, apenas não pude.
E ele também não, pois não o viam, não existiam, não se importavam
Estranhos que falavam, destinos que fugiam, caminhos que não existiam.
Tudo que gostaria de contar ele sabe que não poderá
Mas alguém deveria atender, mas sem ajudar, só fazer.
A coragem que ele não teve, a força que eu digo a ele: tu tens!
A pergunta que ninguém responde quando ele aceita as portas escuras, os assentos sujos, as palavras de mudos.
O perigo em que sempre se põe esperando que o pior aconteça, levem-no.
Premissas, pensamentos, tremores, os pés, o chão
E as histórias que os outros contavam. Antes de sumir, antes de eu aparecer, antes dele encontrar.
Não vai ser infortúnio, não vai ser trágico. Talvez cômico, pois ele me encontrou.
Que um dia ele morda a língua, mas eu engolirei o sangue porque ele quer ir com os outros
No carro, no escuro, na estrada. Ele não achava que vai ser o fim, mas eu digo talvez.
O desejo permanece, mas o medo diz em nossos ouvidos que não vai acontecer
Você vai viver para sempre e que a frase se complete por si só.
Sem abraços, sem adeus, mas sim lágrimas, respirações, o que for
Pois ele não tem mais rosto para os estranhos, nem caminho para os outros.
Que ele morda a língua por desejar isso.
Mas eu sempre digo: estarei aqui para te encontrar. Antes, durante, que finalmente depois tudo continue. Talvez.
3 comentários:
Uma história, um poema.
Forte esse, bem forte.
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Obrigado Vívian pelo comentário. É muito importante para mim saber que tem alguém lendo o que eu sinto.
Apareça mais, converse mais, faça arte. Hahaha
Conselhos de lixo de quem vive procurando algo para ler.
Abraços. :-)
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