O aprendizado não mais pelo conhecimento, mas pela tentativa.
Posiciono-me corretamente na cadeira branca diante da tela branca. Fito o claro de supostos olhos, inexistentes. A decisão não é uma certeza e sim uma tentativa. Em chance dou passos calmos por onde posso andar, abraço os calados que experimentam pelo silêncio e dou passos.
No gélido quarto branco verifico cada parte do meu corpo. Cada centímetro, cada marca, cada ligação. Em lenta água fervente esfrego minha pele e com a áspera esponja a observo mostrar-se viva. Presente. Abraço-me em mais um ritual, também lento, sem importância.
Os rostos alheios já não apresentam nenhuma expressão. Os comuns já não encaram, sem esforços, ao lado demonstram seu tempo, seus desejos, suas dúvidas, ao mínimo interesse. O meu, diante ao espelho, já não me assusta. Já não apresenta ameaça. Eu o conheço e não gosto de sua presença. Mas o molho e, tremendo, o limpo encarando minha pela cansada. Maltratada, bastante cansada, há muito tempo cansada.
Arrumo a bagunça, a física, material. Deixo minha marca, outras marcas, em meus olhos vermelhos, em meu espaço. E livre. Sem certeza, com roupas limpas e espaço. E pela tentativa, pelo sentir, para que passe, para que faça parte do meu autorretrato...
Escrito há vinte anos, cinco meses e vinte dias.
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