terça-feira, 8 de junho de 2010

Os Gigantes estão chegando: Fish


O caminho para colégio não parecia tão longo quando Fabrício, mais conhecido como Fish, estava distraído com seu mp3 no volume máximo. Os fones de ouvidos verdes estouravam um zumbido alto. Fish nunca teve quaisquer aparelho tecnológico além do mp3 que pegou emprestado do seu amigo de classe Pedro. Na metade do caminho ele decidiu entrar na padaria que sempre frequentava com seu pai, antes da separação que completava três exatos anos hoje.
—Iai, Julião... bom dia! — gritou para o velho senhor atrás do balcão. Sr. Júlio era o dono da padaria, morava há mais de 50 anos no bairro e não tinha uma boa audição.
—Bom dia, menino. Veio comprar o de sempre? — perguntou abrindo um longo sorriso desdentado pelo tempo.
—Claro. — Sr. Júlio estendeu o braço para pegar a caixa de cigarros que ficava na prateleira que ficava acima do balcão quando foi interrompido.
—Hmm, será que o senhor não tem o Marlboro Light?
—Light? Deixa eu ver... — Sr. Julio se levantou da cadeira com dificuldade e se virou. Do bolso tirou um molho de chaves e abriu um pequeno armário de vidro onde estocava os cigarros e os isqueiros que vendia. Aproveitando a distração do senhor, Fish pegou um bolinho de baunilha que ficava em uma pequena caixa ao redor do balcão. Quando decidiu encher a mão de chicletes de menta percebeu que uma menina, que tomava um xícara de café logo ao seu lado, o observava. rapidamente colocou tudo dentro do bolso-canguru do moleton roxo e sorriu ironicamente.
—Aqui está! — Exclamou com uma voz falha.
—Ah, valeu.
—Sabe rapaz, você deveria parar com essa desgraça. Olha o que isso fez com o velho aqui!— Sentou-se na cadeira, aliviando o corpo pesado.
—Magina. Eu sempre paro por 6 horas quando estou dormindo. Todos os dias... — Fish começou a dar passos em ré, agradecendo com a mão que segurava os cigarros.
—Julião, põe na conta da minha mãe! Valeu? — Ao apressar o passo, antes de sair na rua, piscou descaradamente para loira que ainda o observava. Ela estendeu a mão para mostrar o dedo maior, mas Fish já estava correndo pela rua.


Todos estavam sentados na escadaria em frente ao colégio. Em sentido horário estavam Cláudia, Pedro, Vicky e Augusto. De repente eles foram bombardeados por uma enorme quantidade de chicletes de menta.
—Ai... — gritou Cláudia
—Que merda é....
—Quem não quiser chiclete pode pegar e me devolver, então. — Fish subiu um degrau e sentou-se do lado de Augusto.
—Cara.... tem como você devolver meu mp3? — disse Augusto.
—Tááá... que saco. — Após retirar todo o fone de ouvido do moleton e jogou, sem cuidado qualquer, em cima do colo do amigo.
—O que vocês estavam tramando, ai?
—Matar aula para comemorar o aniversário do Pedro. — respondeu Vicky.
—Mas se a gente for mesmo fazer uma festa agora, tem que ser rápido antes que o... — Um enorme barulho de alarme rondou todos os ouvidos. Era o alarme do inicio das aulas.
—Agora? — disse Fish.

A sala do apartamento de Augusto estava tomada por fumaça. O som estava fazendo com que as taças de cristal que ficavam suspensas no armário do bar tremessem. Augusto estava deitado no canto do tapete fumando um cigarro de maconha mal feito que se desmanchou na segunda tragada. Vicky e Pedro estavam esparramados no sofá rindo de algo que viam no notebook do pai de Pedro. Parecia ser algo tão engraçado que Vicky quase derrubou o copo com vodka no sofá.
Fish colocou um quarto de licor de cereja em um copo e completou com Absolut Vodka. Quando terminou percebeu Cláudia mudando a música no som. Uma batida viciante acompanhada de um estrondo de guitarra começou a soar e Cláudia de repente começou a cantar junto com a música: Play it so safe to stay on top. Shake it, imitate it, but it still sounds old...
Fish ficou observando por alguns segundos Cláudia enlouquecer e se balançar sem qualquer controle. Vicky e Pedro gritaram. Fish derrubou o copo no chão e correu para perto de Cláudia. Ele a agarrou e a beijou com tanta força que seus lábios foram espremidos um contra o outro. Fish subiu sua mão da cintura de Cláudia puxando sua camiseta de malha branca. Em segundos Fish já estava sem o moleton, com a calça desabotoada e usando só uma regata velha. Cláudia, já sem camisa, estava com um sutiã rosa fosforescente. Enquanto beijava Fish, contorceu-se para desgrampear o sutiã quando a campainha do apartamento tocou. Antes que alguém pudesse parar a música ou pensar em atender quem estivesse na porta, ela se abriu. Lá estavam Senhora Almeida, síndica do prédio, ao lado de um policial.


A campainha soou no silêncio da casa. José Alpher, dono da grande casa abriu a porta quando para sua surpresa um policial o esperava. Logo ao lado estava sua filha, Cláudia, encolhida e de cabeça baixa. Cláudia estava o batom manchado que contrastava com o roxo do moleton que pegou de Fish.
—Senhor? Essa garota disse morar aqui? Você a conhece?
— Eu....
— Gaguejou. Senhor José tinha exercido por 35 anos o cargo de Coronel na Força Aérea Brasileira. Expressou sua raiva, que jamais viverá em todos os seus anos de serviço militar, em um olhar direto para Cláudia.
— Ela estava em uma festa em pleno horário escolar no apartamento de um individuo que ela disse ser amigo da escola. E que o senhor estava ciente... — Enquanto o Policial desenrolava as mentiras de Cláudia havia contado para amenizar sua situação, o desespero fez com que ela derramasse uma dolorosa lágrima. Por segundos segurou a respiração desejando não estar lá, mas a situação só a desesperava mais.





Próximo Capítulo: Cláudia

Um comentário:

Eric disse...

Um dia vc vai dar trabalho, rapazinho. Vai ser bom acompanhar a sua evolução. Continue escrevendo. Abss!

LEIA O LIXO, RECICLE AS IDEIAS.