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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Taças quebradas enroladas em sacos plásticos

Esses vasos quebrados no meu quarto não são nada comparados à flor murcha na minha cabeceira. E nem vá me dizer sobre os meus quadros que sangram, nem aos jovens amantes que ocupam a minha varanda. Vamos só combinar de decorar nossas caras com um borrão, porque não temos tempo para todos esses azulejos estocados no chão.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Untitled #8

Faz de novo
Faz o errado, erra
Faça de novo, agora repita
Faca e osso, mas se permita

Fala de novo
Faz do erro algo novo
Faça de outra história

Faça
Faz
Faca
Fala


O novo
De osso
De novo

sábado, 27 de abril de 2013

O corpo ansioso


Sente o peso no pescoço
Sente o gosto de tinta 
Sente a ânsia do líquido 

Flui o rosa que azeda os outros 
Peca enquanto é sólido
Com outro corpo ansioso

sábado, 1 de dezembro de 2012

Ela, sozinha.

Eu a encontrei, lá de longe do portão
Jogada no chão, entre a fumaça e a dor, entre os cães e os demônios
Pela janela eu a vi, de longe lá de onde
A casa estava em chamas, assim como minha cabeça
E assim como minha cabeça não tinha fogo, não mais
Só fumaça

Irritado, desesperado, sem vinho e prazer, seu choro me fez perder
A roupa velha, ela, velha, no chão, lá do portão, chorando, pela janela, entre a fumaça
Expulsei com ódio os penetras porque ninguém havia sido convidado
Ele saiu, ela me disse, ele saiu ela gritou

E foi assim que eu a encontrei, e ainda bem que ele não estava aqui
Jogada no chão, chorando, sem ele e agora comigo, eu odioso ela diria
Bêbada, mas da cabeça-sem-cabeça, de tristeza, foi bem assim que eu a encontrei do onde
Da janela, longe, entre o chão, chorando com os cães, sozinha

Eu agora aqui,
Ela, sozinha.

Pra definir coração de aquário

Pra definir coração de aquário
Tão grande que cabe até peixe baleia, tão cheio 
Transbordando
Feito de areia e pressão
Reluzente transparente, pra todos e pra solidão

Pra não deixar incerteza e explicação de novo 
E novo
Já quebrado de mar, pesado de sal 
Vindo da lua pra baú de pirata

Pra explicar coração de aquário
Escrever no chão frio, abraço com o próprio umbigo
Caneta, papel, palavras e mãos.

Pra falar coração, mãos de polvo e muito chão

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Vômito

E foi uma surpresa quando ele apareceu. Com sua espada e escudo em mãos, estava ali a me encarar. Confiante postura, enorme sorrisos, lá estava. No seu caminhar até a mim, suas palavras me alcançavam. Seu corpo dizia-me que queria. Cada vez mais perto, deitou-se em cima de mim e pôs-se de guarda. Iria proteger-me, destruir meus medos e meus desejos, me tomaria como seu troféu. 

Um segundo de pulsação e cicatrizes se formavam em seu rosto. Marcas que eu não havia deixado apareciam por todo o seu corpo. Seus olhos, vermelhos como sangue de um corte recente, me encaravam com ódio. Em um último beijo ele riu, suas palavras agora vomitava em minha boca. Seu ódio, seu desprezo, um ácido gosto azedo, antes puro como leite, agora denso com saber de melancolia. 

Meu choro não o impediu. Suas palavras se espalharam pelos meus lábios rasgando até meus peitos. Enquanto minhas lágrimas lavavam meu rosto, ele gargalhava. Estava finalmente livre para alcançar as estrelas com seu riso brutal. Puxou-me até o chão ao tempo em que seu rosto já estava normal. Balançava a cabeça com euforia, sacudindo meus ossos com sua nova força e fitando minha alma com seus enormes olhos. Olhos que cresciam se transformavam assim como seu sorriso em corte. Segurei com ambas as mãos o seu pescoço antes que ele alcançasse minha alma com sua navalha. Então, como se estivesse diante de uma torre, declamou “minhas vitórias agora são destemidas, minhas conquistas grandiosas, meus prazeres estão saciados.” Em um último ataque de força, atingiu-me com seus punhos, marchou com seu desprezo por cima de meu corpo. Então partiu. 

No chão, observei o céu sem muitas estrelas. Não era mais dia, não era mais noite. A única existência era de meu corpo envolto em sangue.

domingo, 2 de setembro de 2012

O Travesseiro e A Última Parede

Caminhos pelo dia

Mãos, inúteis em confortar
Em metal repousa minha alma
Não as histórias, não aos contos, amaldiçoados poemas apenas

Da distância em que percorri à punição, não meus braços, não meus braços

Águas frias percorridas, lembranças do horizonte que nunca observei, agora transformadas em tinta
Manchas amarelas que revogam suas memórias em vermelho exaltando as mãos que antes não confortavam 


E as paredes, e as paredes! Proclamem seu trono, seus gritos de direito, proclamem o passado!
"Tu mereces, tu mereces, repetirás... Preso em teu rosto ficaremos e todos, a ti, notaram! Repetirás!

O inevitável do belo, do raciocínio ao estado de paranoia, o contínuo das correntes pesadas
Um dia o balanço irá ter seu fim, o movimento dos ventos pausará e uma decisão será feita

Eu digo mas minhas palavras não serão escutadas, apenas devo seguir e obedecer
Não poderei vencer o justo, mereço, eu devo, obedeço, continuo, sobrevivo
Sem as mãos, sem o sangue, sem o troféu, sem a lembrança capturada em gaiolas de ouro
A última assinatura do ambíguo que escreve que mereço, mereço a peste do pensamento e o vidro que reflete

Todos poderão dizer que um dia superaram o terremoto e ao fraco sobrará os contrários positivos
Então diga, por favor repita, porque a água fria está a correr, diga...
"Tu mereces, em teu quarto, em teu espaço selvagem, repetirás... Tu és sábio... Então repetirás!"

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Play

From the pain that I deserve 

May the runners pass by

Of my state of scrambled feet

In the way to nothing hill




Cause the red strikes by

And the invisible cleans out

May the earthquake kill us all

Leaving a empty head made for mine




Would I lay in those skies at night

Hurting the stars just for reason

May the doubt cover my body

And the illness close my eyes




From the pain that I deserve

Stays my heritage for the ones who would like

Itself staring by the corridor 

May the hands shake the winners' music

sábado, 12 de novembro de 2011

RFH-103



"RFH-103" é um curta experimental que fiz baseado em um pesadelo que tive por cerca de três anos quando era criança. Em fato, o pesadelo se tornou recorrente durante minha transição para a pré-adolescência.

Nunca passava por angustia após os flashes da noite, apenas agonia de terminar preso em uma pequena passagem sem luz, sem ar, bloqueada em uma pirâmide metálica (ou espelhada). Só conheci o desespero, e o medo de perder minha família, após noites e noites com o mesmo pesadelo em minha cabeça.  Nunca imaginei que um dia correria do "inferno", quando criança.



Uma tortura transformada em arte?

quarta-feira, 3 de março de 2010

Comum: Epifania do Céu.

Olhe... o Céu! Pasmo, disse à todos. E no instinto todos olharam. Que estranho. Oh, murmuravam todos. A situação parecia critica. O medo se espalhou pela rua deixando todos paralisados e com aparência horrível. Mamãe, estou com medo. Exclamava uma menininha. Deus, salve nossas almas. Exclamava um senhor. Eu não posso acreditar, exclamavam vários outros. Pássaros começaram a aparecer. Dançavam em respeito ao Céu. E a cada nova cara que o Céu apresentava, em cada novo tom de azul que ele irradiava, mais trêmulas e fracas ficavam. Eles não entendiam o que havia acontecido, ou melhor, o que estava acontecendo. Uma lágrima começara a escorrer de todos os olhos humanos presentes. Desnorteados sem saber o que tinham feito ao Céu. se culpavam. Até que então, antes que a gota salgada lavasse seus rostos, uma nuvem cinza tomou toda região. O Céu deixara de ser azul, voltara a ser cinza. Suspiros felizes ecoaram em uma só voz. Agradecimentos diversos foram proclamados. Oh, ainda bem! Todos os amigos se foram, as buzinas zumbiram, e todos ficaram mudos.

sábado, 14 de novembro de 2009

Não ia dar certo...

-
Ele costumava ir embora quando o assunto batia de cara com ele. Parece marcado por alguma tipo de relógio magnético, mas claro que só funcionaria se tivesse comido dois quilos de parafusos. Tarde demais para fazer ele vomitar todo o metal, tive que pensar rápido para não deixar ele escorrer pelos meus dedos. Nunca gostei tanto de areia.
-Onde você pensa que vai? Disse eu com uma voz firme.
-Para casa.
-Mas você acabou de chegar!
-Então se cheguei já posso ir.
-Lógico que não. As coisas não são assim.
-Como são, então?

Não sei porque, mas sabia que ele iria perguntar isso. É o que eu chamo de quebrar a banca. Quando alguém não tem explicação para algo e mesmo assim usa isso para te convencer basta perguntar do que se trata. Minha Avó me ensinou isso em algum tempo da minha vida. Ela dizia que com paus e pedras seria impossível construir uma canoa.

-Você não quer um café?
-Eu não tomo café. Ele revirava os olhos olhando para o relógio. Parecia que estava esperando um cuckoo saltar para fora e gritar: "É HORA DE IR!". Eu não me surpreenderia se isso acontecesse, já tinha oferecido café.
-Ah, mas eu não tenho café mesmo.
-Então eu fico. Ele abriu um sorriso tímido. Esperançoso, quase.
-Uh... então. Fiquei sabendo que as coisas estão prestes a mudar. Deu no noticiário sobre o verde e o azul. Algo importante para a consciência mundial, não lembro. No contexto atual as coisas ficam mais legais, prazerosas, com toda essa...
-Preciso ir embora. Foi um prazer conversar com você hoje.
-Ahn..? Antes que eu pensasse em alguma coisa que prendesse sua atenção, ele olhou pela janela e disse:
-É um belo dia!

Andou até a porta, girou a maçaneta muito lentamente. Abriu a posta e uma leve brisa balançou seus cabelos. Disse até logo e sumiu em seguida. Como podia ter um amigo desses? Mal conversava e talvez nem respirasse. Ok, ele respirava. Não sabia explicar onde consegui um amigo desses e nem quando aconteceu. Eu só sabia que:
-Não ia dar certo.
LEIA O LIXO, RECICLE AS IDEIAS.