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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Fica

Vai ficar tudo bem
Se você disser que fica
Então eu fico bem pertinho de você

Tranquilo esse nosso cochilo
Mas preciso saber se você vai ficar
Um pouco pra ficar bem

(Nós dois bem pertinhos)
Dá medo, ficar sozinho
Mas fico bem tranquilo
Porque tudo vai ficar bem
Tudo bem depois de um cochilo

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Untitled #8

Faz de novo
Faz o errado, erra
Faça de novo, agora repita
Faca e osso, mas se permita

Fala de novo
Faz do erro algo novo
Faça de outra história

Faça
Faz
Faca
Fala


O novo
De osso
De novo

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MEU ANO EM UMA PLAYLIST

Esse foi o pior e o melhor ano de minha vida. É sempre assim, né? Queria poder resumir tudo em um grande texto, com as morais do que eu aprendi e com estrondosos parágrafos emocionantes. Não dá. As coisas que aprendi, que vivenciei, que descobri e conheci são tão pessoais que o texto chegaria em algo abstrato. Ou bizarro mesmo. 

Das atitudes egoístas que tomei, as péssimas decisões que a vida e seus passageiros tomaram aos atos de sincero amor e situações de puro afeto que tive com as pessoas que realmente significaram algo importante para mim; essas sim eu posso simbolizar e descrever. E é na música que eu me refugio nesse 31 de Dezembro. 

Antes de postar minha playlist em ordem cronológica de aprendizagem (huh?), queria dedicar cada segundo dessa arte para os meus amigos, aqueles que estiveram no chão frio comigo, aqueles que abraçaram o metal quente e aqueles que me deram um bom tapa na cara. Queria agradecer a minha família por estar mais única do que nunca, mais sincera, menos medrosa. Queria agradecer à todos os monstrinhos na minha cabeça que me ensinaram que ou eu aprendo a viver com eles e com quem eu sou, ou vou acabar caindo na mesma armadilha; não ser quem eu realmente sou. É aprendendo com as marcas, as belas cicatrizes, que reconheço agora o que é realmente belo: o que é sincero. Do amor ao medo, há beleza apenas no que é sincero. Queria poder cortar meu coração e entregar para vocês, mas não sou tão vanguardista assim. Então aqui dedico minhas notas (adotadas) para vocês. 

E que 2013 seja mais leve, menos egoísta, menos cinza, que seja mais SELVAGEM, ROMÂNTICO, PURO E MAIS COLORIDO DE TINTA! Feliz Ano Novo, MI LINDXS! (FROM A YOUNG LOVER’S HEART <3 p="p">

Christina Perri – Distance
Mumford & Sons – Little Lion Man
Mascus Foster – I Was Broken
Sky Ferreira - Sad Dream
Bon Iver – I Can't Make You Love / Nick of Time
The Avett Brothers – A father's first Spring
Antony and The Johnsons – Cut The World
Taylor Swift – Red
Frightned Rabbit – State Hospital
Dry The River – Weights & Measures
Dry The River - No Rest
P!nk – Try
Florence + The Machine – Never Let Me Go
Bat For Lashes – All Your Gold
Paramore – In The Mourning
Ben Taylor – Not Alone
Dry The River – Family
Trixie Whitley – A Thousand Thieves
Ana Cañas - Aquário
Gabrielle Aplin – Home
Mumford & Sons – Below My Feet


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

COISAS QUE EU ESQUEÇO DE FAZER

Eu estava comendo uma pizza em frente ao computador. Um pouco salgada. Minha mão ficou gordurosa, mas até o último pedaço eu já havia esquecido.
Minha xícara estava meio cheia ou meio vazia? Eu sempre acho que deixei de colocar o suficiente. Bebi três longos goles do guaraná quente, porque antes de terminar de comer a pizza ele estava frio.

Quando criança eu achava que guaraná era algo inexistente. Mãe, existe mesmo guaraná? – Sim, existe. Sempre achei que fosse mesmo só refrigerante, mas existe suco. A embalagem não usava aqueles olhos para ser maneira, aqueles eram os guaranás.

Eu levei meu prato até a cozinha, deixei a xícara na mesa e o prato na pia. Desliguei as luzes, minha mão estava suja. Liguei as luzes, lavei as minhas mãos. A xicara ainda estava na mesa, liguei as luzes, lavei as mãos, peguei a xícara e desliguei as luzes. Eu precisava ir ao banheiro que segue o caminho da cozinha. Eu acho que eu devia ter feio isso em primeira escala, mas liguei as luzes, segui o caminho, lavei as mãos e desliguei as luzes.

No meu quarto, meu prato ainda estava lá. Ou estava aqui? Ao lado do computador, eu me lembro. Peguei o prato, desliguei as luzes. Liguei as luzes, lavei as mãos, e segui o caminho para o meu quarto. Eu sempre acho que me esqueci de fazer alguma coisa.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

#Soundtrack List: Os Gigantes Estão Chegando

CAPÍTULO 01: Fish
"Jamie t - Chaka Demus"

CAPÍTULO 02: Cláudia
"The Vaccines - Post Break-Up sex"


CAPÍTULO 03: Pedro
"Polly Scattergood - Remove All Traces"

CAPÍTULO 04: Augusto
"Edward Shape & The Magnetic Zeros - Home"

CAPÍTULO 05: Victória
"Ra Ra Riot - Boy"

CAPÍTULO 06: Estevan
"Adele - Don't You Remember"

ÚLTIMO CAPÍTULO: Amanda
"Glasvegas - Daddy's Gone"


"We are the bright new stars born of a screaming black hole, the nascent suns burst from the darkness, from the grasping void of space that folds and swallows--a darkness that would devour anyone not as strong as we. We are oddities, sideshows, talk show subjects. We capture everyone's imagination."
Dave Eggers (A Heartbreaking Work of Staggering Genius)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Os Gigantes estão chegando: Amanda

Todos os Gigantes: capítulo 01: Fish, capítulo 02: Cláudia, capítulo 03: Pedro, capítulo 04: Augusto, capítulo 05: Victória, capítulo 06: Estevan, capítulo final: Amanda.

Fabrício checou o papel em sua mão e o endereço grifado em metal prateado na enorme parede amarela. Ambos eram iguais. Apertou a campainha.
—Quem é? — Uma voz soou do interfone.
—Ah... Fabrício. A Amanda es..
—Já vai! — Interrompeu. O portão abriu e Amanda apareceu correndo. Abraçou-o.
—Você chegou! Que bom que veio...
—É... — Fabrício pela primeira vez ficou envergonhado ao receber tanto carinho.
— Vou apresentar você... Rápido! — Amanda correu puxando Fabrício com toda força. A casa era enorme. A decoração era iluminada por cores que dançavam entre os movéis brancos e as enormes paredes brancas. Ao chegar à imensa cozinha Amanda logo disse:
—Mãe. Esse é o Fabrício. Fabrício essa é a minha mãe.
—Prazer! Finalmente você veio a minha casa, né rapaz? — Ela estendeu a mão a Fabrício e o serviu um enorme sorriso de felicidade.
— Obrigado pelo convite...
— Aquele ali é o namorado da minha mãe. O Gustavo.
— Olá. — Gustavo acenou. Não pode levantar, pois seria uma grande volta, já que o balcão da cozinha se estendia por três metros.
— O Gustavo não sabe, mas eu o vi escondendo o anel de noivado no bolso. — Amanda sorriu.
— Ei! Era segredo!
— Como assim? — A Mãe de Amanda sorriu e logo foi em direção ao namorado. Ela começou a procurar em todos os bolsos. Ambos começaram a rir.
— Vamos. Deixe-os resolverem isso sozinhos. — Seguiram por um corredor. Fabrício imaginou que lá ficavam os quartos. A parede era desenhada com lápis de cera e as formas tomavam os arredores das portas formando grandes mosaicos coloridos. Eles passaram por uma porta em que uma placa escrita com lápis de cor anuncia o quarto de Amanda. Logo estavam a frente de uma porta branca com adesivos de guarda-chuvas. Amanda abriu a porta. Haviam estantes em uma parede cheias de galochas coloridas, floridas e outros galochas com desenhos diversos. O quarto era extremamente aconchegante. Em um enorme puff azul, uma pequena garotinha estava usando um notebook branco que era decorado com gotas de chuva.

—Júlia. Esse é o Fabrício. Lembra que eu falei que iria apresentá-lo hoje?
— Sim! — Exclamou. Ela logo se levantou e sorriu. Fabrício por um momento percebeu que as pernas da menina eram mecânicas. Se ela não tivesse levantando, Fabrício não perceberia os feixes ao lado da perna. Ela pulou e o abraçou. Fabrício retribuiu o carinho. A menina de apenas 7 anos pareceu gostar de Fabrício.
— Ele é bem bonito como você disse. Mas é um pouco alto, não? — Fabrício riu.
— É, mas isso a gente resolve depois. Mandamos ele andar bastante para desgastar os pés, assim ele diminuiu. Agora... desligue isso daí e vai encontrar a mamãe na cozinha para o jantar!
— Já vou. — Amanda e Fabrício saíram. Ela o levou até seu quarto. O quarto de Amanda era mais simples, porém uma enorme parede estava completamente fechada com quadros coloridos que Fabrício imaginou terem sido pintados por ela.
— Tenho uma coisa para lhe contar.
— O quê?
— Sobre mim. Sobre o que eu era... — A conversa se estendeu por minutos. Amanda contou a Fabrício o motivo de sua irmã ter as penas mecânicas. Amanda passava por uma época em que achava que poderia ter tudo. Era indisciplinada e não se importava com a família. Uma vez pegou o carro do pai e decidiu passear com ele. Ela se sentia superior à todos e não obedecia às ordens de sua mãe. Ao fim de tarde, voltou com o carro. Antes que o portão da garagem fosse todo aberto, Amanda acelerou. Porém não percebeu que a pequena irmã, na época com 5 anos, estava andando de patins na área em frente a garagem. Amanda á atropelou. O desesperou e a revolta tomaram parte da família. O pai se separara da mãe de Amanda e nunca mais as visitou. Júlia teve suas pernas amputadas. Fabrício entendeu o porque da mudança de Amanda. A conversa continuou.

Fabrício e Amanda se juntaram aos outros na mesa de jantar. O celular de Fabrício tocou. A ligação era de “Vicky”. Ele pediu licença de atendeu o celular.
— Fabrício! Sua mãe disse que você estava na casa da Amanda. Estou tentando falar com você faz muito tempo. — Victória falava em tom desesperado.
— O que houve?
— O Augusto está no hospital. Parece que o pai da Cláudia espancou ele com um ferro, não sei muito bem o que aconteceu. Você precisa ir logo para o hospital. Eu estou indo agora.
— Tudo bem, tudo bem! Calma, eu vou! — Fabrício avisou a Amanda o que aconteceu.
—Desculpem, mas tenho que ir. — Ele se virou e correu para a porta. Não esperou que os outros lamentassem a sua ida, pois estava preocupado com o amigo. Pensou que poderia ter sido uma atitude mal educada, mas isso não era importante agora...


Duas semanas depois...

—E agora os formandos de irão subir ao palco para a grande foto final. — O teatro do colégio estava todo decorado para grande formatura. As luzes formaram laços nas paredes. Enormes fitas decoravam os corredores, um tapete vermelho cobria a frente do palco. O teto estava coberto por enfeites prateados. Uma fila de estudantes vestidos com becas se formou ao longo da escada do palco. Todos subiram. O palco logo estava tomado por vários estudantes. Então, o diretor anunciou.
— Agora, senhoras e senhores... o grande momento. O fechamento de um ano incrível, repleto de conquistas e descobertas. Que os nossos alunos possam seguir vencendo, como venceram esse ano. — Iniciaram uma contagem regressiva. Um grupo de cinco jovens se dirigiu à frente dos estudantes.
— Três!... dois... um! — Cláudia estava com a aparência recuperada, sem qualquer marca da agressão do pai. Ao seu lado estavam Fabrício e Victória, ambos fitavam a família sentada na platéia. O sorriso encobria suas faces. Augusto estava com algumas marcas no rosto, mas já se sentia melhor, ainda mais com Pedro ao seu lado. Os cinco abriram a beca no momento exato da foto. Cláudia estava com um conjunto de calcinha e sutiã cor de rosa estampados com pequenas cerejas. Fabrício vestia uma samba canção azul. Victória um baby doll azul marinho com detalhes de desenhos animados. Augusto usava uma boxer listrada, o seu corpo ainda apresentava pequenas manchas, mas nada que o deixasse envergonhado. Pedro usava uma samba canção rosa com caveiras vermelhas.



FIM




Na última fileira do teatro, um pequeno grupo estava sentado com as pernas apoiadas em cima das poltronas a frente. Três meninas e três meninos comiam um enorme pacote de pipoca doce.
— Mais uma manada de idiotas. — Disse o menino sentado na poltrona do meio entre as duas amigas. Todos os seis se entre olharam e gargalharam. Continuaram ali, comendo pipoca e rindo da cara dos formandos em roupa de baixo. Eles sabiam que iram fazer melhor. O próximo ano seria o seu ano. E mal podiam esperar...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Os Gigantes estão chegando: Estevan

Gigantes Anteriores: capítulo 01: Fish, capítulo 02: Cláudia, capitulo 03: Pedro, capítulo 04: Augusto, capítulo 05: Victória.



Os dias aqui são compridos. Sério, você não sabe o quanto os meus tios são controladores. (Acho que foi ordem do meu pai) pelo menos consigo ficar livre na faculdade. Acho que já fiz alguns amigos.
É o que você sempre dizia, não? Sou grudento e popular
” 12 maio, 2008.


Ei, não esqueça que eu te amo. Quero ver você escapar dessa
Estou enviando um cd de uma banda que acho que você vai adorar, se chama Broken Social Scene. Eles são ótimos
Uma colega da faculdade que me indic
Espero mesm

” 22 agosto, 2008


Eu iria enviar essa carta semana passada, mas pensei que seria legal se a Julianne e o Ed escr
alguma coisa.
As próximas linhas já não são minhas, coelho branco.

Oi, ... a gente te apelidou de coelho branco

você tem muita sorte c
ama muito.
Ok, ele me obrigou a escrever isso...
-Ed
Oi, fofo.
Olha, se você for lindo como o Estevan diz, já vou querer dividir você com ele. Fico com suas pernas, está bom?
Espero que a gente se encontre um dia
Estevan iria adorar
Tchau,
Julianne.
” 06 junho, 2008.


Oi, em todas as cartas que te envio eu nunca digo ‘oi’, né? Estou sempre ansioso para contar todas as coisa que aconteceram durante a semana

Hoje fui ao um mercado, sério! Mas o incrível é que dentro tem um café
fui com dois amigos da faculdade. Já falei muito de

estão sendo incríveis comigo
consigo ser o idiota que você gosta.
Você ainda gosta de mim?

eu t

” 01 setembro, 2008.

Pedro analisava cada pedaço de papel que derrubou da caixa que recebeu de sua tia pela manhã. Não achou que encontraria destroços de cartas, talvez algum objeto de Estevan que os comprometesse, mas não cartas.
O chão estava coberto pedaços de papéis, ele não poderia contar ou se quer juntar as partes para entender as cartas. E também não era necessário. A cada parágrafo ou linha que ausente ele parecia estar presente quando Estevan as estava escrevendo. Os elogios pareciam reconstruir as linhas e as promessas de amor eterno completavam as frases que terminavam com “eu te amo”.
Estevan estava sorrindo, talvez forçando risadas sobre os assuntos intelectuais que mantinha frequentemente com os colegas da faculdade nova. Antigamente Estevan estaria entusiasmado com as comparações que faziam despreocupados com a veracidade das igualdades, porém agora sentia que precisava se esforçar. Os dias eram longos, como ele sempre anotava em suas apostilas universitárias, os cantos pareciam paredes de prisão com tantas anotações e números que marcavam os dias.
Uma hora depois estava na hora marcada, sempre no mesmo local, ouviu o sinal que o tirava da liberdade assistida e o transferia para o regime solitário. Seu tio, irmão de seu pai, parece uma cópia diabólica de seu pai. Às vezes pensava em fingir um descontrole e, com toda a raiva que juntava ao longo dos dias, descontar no rosto de seu tio. Talvez a dor fosse igual ao a semelhança dos dois. Seria um estrago épico à estrutura de um rosto.

Os intervalos entre as aulas eram agradáveis. Seus amigos, Ed e Julianne, esforçavam-se para provar que se Estevan tentasse esquecer a dor talvez ela fosse realmente embora. A conversa sempre era produtiva, e dessa vez ultrapassou os limites que Estevan mantinha com os amigos. Ele realmente conseguiu esquecer os problemas. Esquecera que tinha pai, esquecera a mãe controladora mas sempre ausente, esquecera seu quarto, sua cama, seu amor. Não lembrava mais que cicatrizes um dia já possuíra. Por fim, não lembrava mais de Pedro.
Por um minuto deixou os risos espontâneos de lado e enfiou a mão no bolso para checar o celular. Uma nova mensagem.
“ME ESQUECE, ACABOU. POR FAVOR”


Estevan implorava aos amigos dinheiro. Saiu da faculdade direto para o aeroporto. Já não havia caminho para voltar, só lhe restava dor. Estevan imagina que tudo que estava sentindo era coragem por finalmente decidir seu destino.
Pedro não chorou e disse a si mesmo que não iria chorar. Ele segurava os papéis com firmeza. Como pôde ser tão fraco? Como desistira de tudo? Perguntava-se várias e várias vezes, mas sabia as respostas que procurava estavam com uma única pessoa. E ela não estava mais lá, nunca mais estaria.


Durante toda a manhã Victória pensou em como resolver todos os seus problemas. Ela não sabia o porquê de ser tão má com a irmã ou porque repudiava o apoio da família. Sempre sentia inferior, eles pareciam torna-la inferior. Agora, eles à tornavam estúpida. Eram eles que faziam esses sentimentos ruins fluírem de dentro dela. Odiava-se por odiá-los.

—Não tem lixo? — Um senhor estava em pé ao lado da catraca do ônibus. Ele parecia fraco, suas roupas eram simples e o boné vermelho só destacava o seu rosto caído. O cobrador do ônibus balançou a cabeça em tom de desaprovação. O senhor, no entanto, entendeu aquilo como uma resposta. Como um não. Voltou à sentar-se no acento preferencial. Estava com alguns pedaços de papel na mão e uma pequena embalagem de balinha. Ao tentar colocar o lixo no bolso, sua mão forçou o bolso e, sem querer, derrubou tudo que segurava no chão.

O balanço do ônibus não o impediu de levantar-se do banco para recolher o lixo ao chão. Victória não sabia por que prestava tanta atenção nos movimentos daquele velho homem. Ela percebeu que algumas pessoas o observavam com o mesmo olhar com que o cobrador o evitava. O senhor recolheu um velho jornal em baixo do acento e, lentamente, voltou a sentar. Após a leitura, ele enrolou as folhas do jornal em como uma bolinha. E nada mais fez, apenas esperava o ponto de ônibus certo para descer. Esse havia sido o momento mais estranho que Victória passou em toda a vida. Não pelo que presenciou, mas sim pelo que sentiu. Ela enxergou-se na cena, e não sabia como. Ela continuou sentada observando-o. Um dia, ela pensou, já ter encontrado aquele senhor. Ou como costumava achar que conhecia todos, logo descreveu a situação como casual.
—Ora, quantas pessoas derrubam as coisas no chão!? — falou em voz alta. O rapaz ao seu lado a encarou com julgamento. Victória percebeu o que acabara de fazer. Pela primeira vez falou sozinha sobre o que sentia. Sobre a dúvida. Rapidamente levantou-se e desceu do ônibus. Ainda corriam perguntas em sua cabeça. Victória gostaria de dizer a alguém que sofreu de epifania, mas não tinha certeza do que sentiu ao presenciar uma situação tão comum. Ela duvidava, porém apenas não queria admitir que agia como uma idiota e não poderia culpar ninguém por suas atitudes, e não poderia nomear de outra forma tudo que havia feito além de idiotice. Não ocorrera nenhuma epifania, apenas conclusão de fatos. Victória era uma idiota, em suas próprias palavras.
—Urrrr — murmurou.


Augusto atendeu o interfone.
— É o Augusto? Tem um menino querendo falar com você aqui na portaria. Disse que é urgente.
—Pode deixar ele subir.
—Acho melhor você descer aqui. — O porteiro abaixou o tom da voz e concluiu — ele está um pouco... transtornado. Acho melhor...
—Tudo bem, já vou. — Interrompeu. Saiu do apartamento apressado. Correu todo o corredor para não perder o elevador. Ao chegar ao térreo, avistou Pedro. O porteiro imediatamente destravou o portão, o barulho da trava destrancando anunciou a Pedro a chegada de Augusto. Saiu rapidamente e fitou Pedro que estava inquieto. Pedro segurou os braços de Augusto.
— Eu não queria... é sério — Pedro começou a falar sem parar, de repente se desesperou e embaralhou as falas que tinha planejado.
— Não quero que algo aconteça de mal com você. Eu gosto de você. Minha culpa... Não queria, mas não pude segurar... me sentia sozinho... me desculpe...
— Calma! Calma... — Augusto puxou Pedro e o envolveu em seus braços. Ele apertava-o como demonstração de afeto. Queria dizer que ali ele estava seguro. Ainda não entendia o porque ele o procurou e o motivo das coisas que antes não conseguia falar.
—Você... — Pedro chorava e seu desespero prendeu a atenção de augusto. Nenhum dos dois percebeu que um carro estacionou no outro lado da rua. Uma pessoa desceu do carro tão rápido quanto estacionou, não fechou a porta do motorista. Augusto levantou o olhar e enxergou uma sombra que corria em sua direção. Por um segundo voltou a observar Pedro e, na fração de segundo, foi atingido por um cano de ferro. Seus olhos agora dobravam imagens paralelas. Não sabia mais o que estava acontecendo, antes que seus olhos pesados fechassem-se ele observava vultos apressados. Vultos que pareciam pular em cima de sua cabeça e sobre todo o seu corpo, e antes que o zumbido em seus ouvidos fosse consumido pelo silêncio, só conseguia notar gritos abafados. Não poderia mais dizer a Pedro que ele estava seguro.


Próximo e Último Capítulo: Amanda

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Terra

TERRA s.f. 1. O planeta em que habitamos. 2. A parte sólida do globo terrestre não ocupada pelo mar.

Está é a definição de "terra" que encontrei em meu velho dicionário, da escola da pré-escola. Mas isso não é o importante. Hoje eu presenciei como a terra cobriu Minha Vó, Dona Dalva. Eu me sento mal por não gostar de últimos momentos, talvez por ter presenciado só dois enterros. Este foi o segundo. Não sei se vou me acostumar, mas não quero gostar desse momento triste. No Templo, onde todos estavam, fiquei estagnado. Não sabia com quem falar, como falar e, nem muito menos, o que falar. Logo depois, sentado na ultima fileira de cadeiras pretas e acolchoadas, me senti distante. Mais distante de quando, por brigas, me distancio da familia. E esse momento que nas novelas e filmes costuma unir e animar as pessoas, me fazia sentir mais distante. Mais, mais e mais. Foi quando anunciaram "Para todos que não se despediram, por favor, este é o ultimo momento até...". Eu não tive coragem até então para chegar perto do caixão. Foi quando me levantei e decidi ir até lá. Por um tempo, em pé, esperei que todos me dessem passagem. Como ultimo adolescente por perto, encostei no caixão e pensei em dizer algo, toca-lá com um toque doce, o mesmo que ela tinha quando me abraçava, mas eu não pude; o desespero foi maior. O mesmo desespero que comprimia minha cabeça e me encolhia na cadeira, apertou meus olhos e então, pela primeira vez neste dia, chorei. Minhas mão esquerda subiu até minha cabeça, e descontrolada, não sabia seu rumo. Me virei... Percebi que, como tinha ouvido antes, Dona Dalva estava linda. Como se tivesse dormido depois de um encontro feliz com todos que amava. Típico, pois ela é a pessoa mais feliz que conheço.

As dúvidas depois foram inevitáveis. Porque as pessoas esconderam seus olhos pesados por lágrimas com óculos escuros? Não era um esforço necessário? Porque tudo que se comentava seguia para aquele rumo final? Poucos comentavam coisas que terminavam com sentimentos bons.
Algumas respostas, para perguntas que ainda não consegui formular, me completaram o vazio. Eu ainda não aprendi sobre a vida, nem seu começo nem seu fim, apenas o viver. Que Dona Dalva, é exemplo de que não devo desperdiçar os momentos que fui tratado com carinho por todos. Sempre sorrindo deveria ser a lei da vida e exigido pelo governo. E que no meu fim, talvez um recomeço, seja sorrindo e bonito como o dela.

Outra coisa... Já perto de casa, me veio um desejo de comer um Tablito, picolé que experimentei pela primeira vez em um churrasco onde Dona Dalva distribuía sorrisos e sua frase 'Come... você não está com fome? Mas está tão bom!" que costumava me animar. Me animava seu sorriso, mais, mais e mais.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Uma Carta Para Meus Amigos da Escola...


"Esse ano as coisas aconteceram de forma diferente para mim. Talvez tenha sido um ano incrivel, onde eu aprendi muitas e muitas coisas. Acho que vocês também, ou não. Eu queria compartilhar um tempo mais essas coisas com vocês, sei lá. Não me perguntem o por quê, mas foi um ano bom e agravavél. uma porção de coisas. De tantos aprendizados, aprendi três coisas importantes. Então resolvi coloca-las no papel e ler para vocês.

A primeira coisa que aprendi foi que a escola é como uma floresta, uma selva. Porém, diferente do que muitos pensam, a lei da selva não é matar para sobreviver, e sim levar e pegar o que se precisa para se manter vivo. A gente pode contar varias historias para tentar agradar todos, a gente pode fingir que não está aqui - talvez por tímidez ou outras coisas - a gente pode vestir a roupa que for, fazer o que for, mas as pessoas só vão acreditar se for verdadeiro. De sentimento e coração. Não importa se a verdade seja chata ou estranha. Só a verdade vale. E isso é bem difícil.

A segunda é que todos somos diferentes, não melhores que os outros. Tem aquelas que parecem não se importar com as coisas, só se for a própria aparência, mas se você as conhece melhor vê que elas são legais. Não só menininhas. São quase mulheres, né? Independente do tamanho. Só precisariam levar as coisas um pouco mais a sério. Mas quem sou eu para julgar esses brotinhos delicias.
Tem os Anônimos, aqueles que se sentam nos mesmos lugares, que ninguém mexe. Pessoas simples e encantadoras. Talvez com um volume de voz muito baixo, mas todo mundo é diferente. Só colocar óculos que melhora.
Tem o pessoal da zorra, sem muitos comentários ou qualquer quote engraçado. Nem sempre são idiotas o quanto a gente imagina. Dá até para encontrar um grande amigo entre eles. E por fim tem aqueles que a gente gosta - me desculpem o uso da palavra - mas foda-se. A gente gosta deles. Estranhos, altos, baixos, loucas, loucos e sei lá mais o que.

Agora a terceira, mas não menos importante, coisa que aprendi com vocês. Por tudo e por todos, pelas circunstâncias e ações. Nós só temos dezessete anos. Não precisamos ser tão sérios, ou tão bobos. As coisas vão acontecer. Nós vamos fazer as coisas acontecerem. Não porque a professora de historia disse que nós temos ou porque está no nosso destino. Nós vamos fazer fazer isso por nós. Nós podemos fingir que não vemos as coisas, que brigar com um amigo por uma coisa que nós nem sabemos como aconteceu. A gente pode tomar atitudes precipitadas por achar que as pessoas são de um jeito, mas elas não são. Nós só temos dezessete anos. Tem muita coisa por aí, nesse estradão. Mas nós só vamos levar as coisas boas. Eu quero levar esses amigos. Para sempre.
É disso que eu queria falar com vocês. Eu tive que colocar no papel.

Esse foi um ano incrível, o que ano que vem também vai ser. Mas por enquanto, são essas coisas boas que eu quero vocês sintam. E que tudo seja bem melhor.


Com muita gratidão, Kabe Rodrigues H.F.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Casa é Coração.



Não existe casa amarela.
Casinha, nem casarão. Não existe.
Pode andar na estrada, pode ir longe.

Pode ficar parado, mas tem que bater.
Não existe roda que leva. Nem avião que rode.
Casinha está aqui.

Não dá para mudar de casa.
Não tem como aumentar.
É pequeno, mas cabe todo mundo e de tudo um pouco.
Casa é Coração.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Birds

"Se você quer seus pássaros para sempre, trate-os bem. Cuide deles quando filhotes, ensine-os a voar quando jovens e liberte-os quando forem maduros e adultos. Eles voaram, desbravaram as mais altas montanhas. Irão mergulhar nos mais densos lagos e comerão as iguarias do futuro destino. Mas eles voltarão com as mais fantásticas historias, as mais belas imagens para descrever e com uma enorme saudade em seus braços."
kabe rodrigues hf.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

"Solte sua própria mão, levante da cama, respire por algo maior. Ajude a verdadeira mãe a manter mais de seus filhos vivos. Faça algo pela vida. Viva e deixe viver."

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Você sabe o que é O Passado?

O passado é o que você acaba de ler. É o agora, o agora que ficou para trás. Passado não é algo que você deixou de fazer. Se não fez, não existiu.
Não compare o passado como quem diz: Esqueça, isso é passado.
O passado é algo que te acompanha, um instrutor da vida. Alias, se não é passado, não existiu. E se é agora, que seja bem vindo. Mas se for futuro... reze para ser passado-agora. É como andar para o quadrante
sul às 4h da tarde. A sombra vai estar sem atrás de você, mas nunca vai te deixar, por mais que a luz não te deixe ver. O passado sempre vai estar com você, seja bom ou mau.
VIVA AO PASSADO!

by: kabe rodrigues hf
p.s.: acho que poucos ou ninguém percebeu que o motivo para o texto estar em 'courier' é que essa fonte lembra uma máquina de escrever antiga.

domingo, 5 de outubro de 2008

Aquelas pequenas coisas de amor.

“Porque a certeza de sempre te amar é a mesma certeza que respirar é necessário para viver.”



Só foi rever nossos passos para sentir tudo de novo

Só foi necessário tocar aonde você tocou para sentir aquele arrepio frio

Foi quando respirei o mesmo ar que respiramos juntos, que pisei na mesma grama que pisamos juntos para confirmar

Foi quando sentei e revi as imagens do seu rosto e do teu sorriso tímido para meu coração apertar

Foi quando eu me lembrei de quando praticamente beijei-te em surpresa para minhas duvidas, meu amor, meu coração e minha memória fixar-te de vez. E é com toda essa certeza de que agora posso dizer: EU REALMENTE TE AMO.


Agora, pode me ouvir?



Por: Kabe (kahh b.) Rodrigues HF.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Strangers can make your day... Perfect.

Sábado 05.08.2008, eu estava no ônibus indo para o "park"... e aconteceu uma coisa que não acontece a tempos, eu conversei com um estranho. Sim, conversar com estranhos é algo que eu realmente gosto. Porque é maravilhoso ver como as pessoas que não tem NENHUMA LIGAÇÃO com você podem saber tanto em apensar ouvir suas palavras sinceras. Elas parecem ter o dom de ouvir, de compreender tudo o que vc diz ou sente. Coisas que as pessoas mais próximas não entender por MENOS que tentem.
Então vamos ao fato.
Estava eu sentando, né :p , ai a moça ao meu lado disse se eu não tinha medo das pessoas pisarem nos meus sapatos super brancos, ai eu disse que já estava acostumado mas as vezes irritava. Ela disse o mesmo. Ela disse também que parava de usar coisas só por causa da opinião dos outros (não sei, mas acho que ela notou que sou meio que diferente) e que era difícil conviver com isso, e que ela já desencanou disso e que era bom ser quem você é. O seu nome era Karine, não sei por que, mas tenho simpatia com as Karines. O papo vai o papo vem, ela disse que realmente o que importa é ser feliz. E que se você não tentar ser o que você é, acaba sendo o que as pessoas querem que você seja. Acaba vivendo a vida dos outros, e não a sua. Cara, estou escrevendo tão informalmente por que realmente achei ela legal *-*. Como uma pessoa que nem te conhece sabe que você luta pacas pra ser feliz, em apenas ser o que você realmente é. (ou gosta de ser) Gostei realmente dela.
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Sabe, é dificil você ver as pessoas mudando de visual pra se adequar aos outros. Falando ou deixando de falar coisas que realmente pensam só porque outros não entenderiam ou não gostariam de apensar ouvir sua "opinião". Ou apenas querendo que você não seja feliz por que não ser o que ela gosta de ver. Porque se ela realmente te conhecesse e visse que você é legal (ou não) ela perceberia que você pode ser a pessoa mais interessante do mundo inteiro, só basta alguém querer te conhecer melhor.
E é presunção enorme que eu realmente admiro. Na boa, viva o que você goste vai. Não deixe a banda da moda te influenciar, não use a roupa que todo mundo ta usando. Não faço o que outras pessoas fazem só para enturma-se. Se é que você ainda tem jeito, querido leitor.
LEIA O LIXO, RECICLE AS IDEIAS.