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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Untitled #8

Faz de novo
Faz o errado, erra
Faça de novo, agora repita
Faca e osso, mas se permita

Fala de novo
Faz do erro algo novo
Faça de outra história

Faça
Faz
Faca
Fala


O novo
De osso
De novo

sábado, 1 de dezembro de 2012

Ela, sozinha.

Eu a encontrei, lá de longe do portão
Jogada no chão, entre a fumaça e a dor, entre os cães e os demônios
Pela janela eu a vi, de longe lá de onde
A casa estava em chamas, assim como minha cabeça
E assim como minha cabeça não tinha fogo, não mais
Só fumaça

Irritado, desesperado, sem vinho e prazer, seu choro me fez perder
A roupa velha, ela, velha, no chão, lá do portão, chorando, pela janela, entre a fumaça
Expulsei com ódio os penetras porque ninguém havia sido convidado
Ele saiu, ela me disse, ele saiu ela gritou

E foi assim que eu a encontrei, e ainda bem que ele não estava aqui
Jogada no chão, chorando, sem ele e agora comigo, eu odioso ela diria
Bêbada, mas da cabeça-sem-cabeça, de tristeza, foi bem assim que eu a encontrei do onde
Da janela, longe, entre o chão, chorando com os cães, sozinha

Eu agora aqui,
Ela, sozinha.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Vômito

E foi uma surpresa quando ele apareceu. Com sua espada e escudo em mãos, estava ali a me encarar. Confiante postura, enorme sorrisos, lá estava. No seu caminhar até a mim, suas palavras me alcançavam. Seu corpo dizia-me que queria. Cada vez mais perto, deitou-se em cima de mim e pôs-se de guarda. Iria proteger-me, destruir meus medos e meus desejos, me tomaria como seu troféu. 

Um segundo de pulsação e cicatrizes se formavam em seu rosto. Marcas que eu não havia deixado apareciam por todo o seu corpo. Seus olhos, vermelhos como sangue de um corte recente, me encaravam com ódio. Em um último beijo ele riu, suas palavras agora vomitava em minha boca. Seu ódio, seu desprezo, um ácido gosto azedo, antes puro como leite, agora denso com saber de melancolia. 

Meu choro não o impediu. Suas palavras se espalharam pelos meus lábios rasgando até meus peitos. Enquanto minhas lágrimas lavavam meu rosto, ele gargalhava. Estava finalmente livre para alcançar as estrelas com seu riso brutal. Puxou-me até o chão ao tempo em que seu rosto já estava normal. Balançava a cabeça com euforia, sacudindo meus ossos com sua nova força e fitando minha alma com seus enormes olhos. Olhos que cresciam se transformavam assim como seu sorriso em corte. Segurei com ambas as mãos o seu pescoço antes que ele alcançasse minha alma com sua navalha. Então, como se estivesse diante de uma torre, declamou “minhas vitórias agora são destemidas, minhas conquistas grandiosas, meus prazeres estão saciados.” Em um último ataque de força, atingiu-me com seus punhos, marchou com seu desprezo por cima de meu corpo. Então partiu. 

No chão, observei o céu sem muitas estrelas. Não era mais dia, não era mais noite. A única existência era de meu corpo envolto em sangue.

domingo, 2 de setembro de 2012

O Travesseiro e A Última Parede

Caminhos pelo dia

Mãos, inúteis em confortar
Em metal repousa minha alma
Não as histórias, não aos contos, amaldiçoados poemas apenas

Da distância em que percorri à punição, não meus braços, não meus braços

Águas frias percorridas, lembranças do horizonte que nunca observei, agora transformadas em tinta
Manchas amarelas que revogam suas memórias em vermelho exaltando as mãos que antes não confortavam 


E as paredes, e as paredes! Proclamem seu trono, seus gritos de direito, proclamem o passado!
"Tu mereces, tu mereces, repetirás... Preso em teu rosto ficaremos e todos, a ti, notaram! Repetirás!

O inevitável do belo, do raciocínio ao estado de paranoia, o contínuo das correntes pesadas
Um dia o balanço irá ter seu fim, o movimento dos ventos pausará e uma decisão será feita

Eu digo mas minhas palavras não serão escutadas, apenas devo seguir e obedecer
Não poderei vencer o justo, mereço, eu devo, obedeço, continuo, sobrevivo
Sem as mãos, sem o sangue, sem o troféu, sem a lembrança capturada em gaiolas de ouro
A última assinatura do ambíguo que escreve que mereço, mereço a peste do pensamento e o vidro que reflete

Todos poderão dizer que um dia superaram o terremoto e ao fraco sobrará os contrários positivos
Então diga, por favor repita, porque a água fria está a correr, diga...
"Tu mereces, em teu quarto, em teu espaço selvagem, repetirás... Tu és sábio... Então repetirás!"

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Play

From the pain that I deserve 

May the runners pass by

Of my state of scrambled feet

In the way to nothing hill




Cause the red strikes by

And the invisible cleans out

May the earthquake kill us all

Leaving a empty head made for mine




Would I lay in those skies at night

Hurting the stars just for reason

May the doubt cover my body

And the illness close my eyes




From the pain that I deserve

Stays my heritage for the ones who would like

Itself staring by the corridor 

May the hands shake the winners' music

sábado, 12 de novembro de 2011

RFH-103



"RFH-103" é um curta experimental que fiz baseado em um pesadelo que tive por cerca de três anos quando era criança. Em fato, o pesadelo se tornou recorrente durante minha transição para a pré-adolescência.

Nunca passava por angustia após os flashes da noite, apenas agonia de terminar preso em uma pequena passagem sem luz, sem ar, bloqueada em uma pirâmide metálica (ou espelhada). Só conheci o desespero, e o medo de perder minha família, após noites e noites com o mesmo pesadelo em minha cabeça.  Nunca imaginei que um dia correria do "inferno", quando criança.



Uma tortura transformada em arte?

sábado, 22 de janeiro de 2011

Os Gigantes estão chegando: Amanda

Todos os Gigantes: capítulo 01: Fish, capítulo 02: Cláudia, capítulo 03: Pedro, capítulo 04: Augusto, capítulo 05: Victória, capítulo 06: Estevan, capítulo final: Amanda.

Fabrício checou o papel em sua mão e o endereço grifado em metal prateado na enorme parede amarela. Ambos eram iguais. Apertou a campainha.
—Quem é? — Uma voz soou do interfone.
—Ah... Fabrício. A Amanda es..
—Já vai! — Interrompeu. O portão abriu e Amanda apareceu correndo. Abraçou-o.
—Você chegou! Que bom que veio...
—É... — Fabrício pela primeira vez ficou envergonhado ao receber tanto carinho.
— Vou apresentar você... Rápido! — Amanda correu puxando Fabrício com toda força. A casa era enorme. A decoração era iluminada por cores que dançavam entre os movéis brancos e as enormes paredes brancas. Ao chegar à imensa cozinha Amanda logo disse:
—Mãe. Esse é o Fabrício. Fabrício essa é a minha mãe.
—Prazer! Finalmente você veio a minha casa, né rapaz? — Ela estendeu a mão a Fabrício e o serviu um enorme sorriso de felicidade.
— Obrigado pelo convite...
— Aquele ali é o namorado da minha mãe. O Gustavo.
— Olá. — Gustavo acenou. Não pode levantar, pois seria uma grande volta, já que o balcão da cozinha se estendia por três metros.
— O Gustavo não sabe, mas eu o vi escondendo o anel de noivado no bolso. — Amanda sorriu.
— Ei! Era segredo!
— Como assim? — A Mãe de Amanda sorriu e logo foi em direção ao namorado. Ela começou a procurar em todos os bolsos. Ambos começaram a rir.
— Vamos. Deixe-os resolverem isso sozinhos. — Seguiram por um corredor. Fabrício imaginou que lá ficavam os quartos. A parede era desenhada com lápis de cera e as formas tomavam os arredores das portas formando grandes mosaicos coloridos. Eles passaram por uma porta em que uma placa escrita com lápis de cor anuncia o quarto de Amanda. Logo estavam a frente de uma porta branca com adesivos de guarda-chuvas. Amanda abriu a porta. Haviam estantes em uma parede cheias de galochas coloridas, floridas e outros galochas com desenhos diversos. O quarto era extremamente aconchegante. Em um enorme puff azul, uma pequena garotinha estava usando um notebook branco que era decorado com gotas de chuva.

—Júlia. Esse é o Fabrício. Lembra que eu falei que iria apresentá-lo hoje?
— Sim! — Exclamou. Ela logo se levantou e sorriu. Fabrício por um momento percebeu que as pernas da menina eram mecânicas. Se ela não tivesse levantando, Fabrício não perceberia os feixes ao lado da perna. Ela pulou e o abraçou. Fabrício retribuiu o carinho. A menina de apenas 7 anos pareceu gostar de Fabrício.
— Ele é bem bonito como você disse. Mas é um pouco alto, não? — Fabrício riu.
— É, mas isso a gente resolve depois. Mandamos ele andar bastante para desgastar os pés, assim ele diminuiu. Agora... desligue isso daí e vai encontrar a mamãe na cozinha para o jantar!
— Já vou. — Amanda e Fabrício saíram. Ela o levou até seu quarto. O quarto de Amanda era mais simples, porém uma enorme parede estava completamente fechada com quadros coloridos que Fabrício imaginou terem sido pintados por ela.
— Tenho uma coisa para lhe contar.
— O quê?
— Sobre mim. Sobre o que eu era... — A conversa se estendeu por minutos. Amanda contou a Fabrício o motivo de sua irmã ter as penas mecânicas. Amanda passava por uma época em que achava que poderia ter tudo. Era indisciplinada e não se importava com a família. Uma vez pegou o carro do pai e decidiu passear com ele. Ela se sentia superior à todos e não obedecia às ordens de sua mãe. Ao fim de tarde, voltou com o carro. Antes que o portão da garagem fosse todo aberto, Amanda acelerou. Porém não percebeu que a pequena irmã, na época com 5 anos, estava andando de patins na área em frente a garagem. Amanda á atropelou. O desesperou e a revolta tomaram parte da família. O pai se separara da mãe de Amanda e nunca mais as visitou. Júlia teve suas pernas amputadas. Fabrício entendeu o porque da mudança de Amanda. A conversa continuou.

Fabrício e Amanda se juntaram aos outros na mesa de jantar. O celular de Fabrício tocou. A ligação era de “Vicky”. Ele pediu licença de atendeu o celular.
— Fabrício! Sua mãe disse que você estava na casa da Amanda. Estou tentando falar com você faz muito tempo. — Victória falava em tom desesperado.
— O que houve?
— O Augusto está no hospital. Parece que o pai da Cláudia espancou ele com um ferro, não sei muito bem o que aconteceu. Você precisa ir logo para o hospital. Eu estou indo agora.
— Tudo bem, tudo bem! Calma, eu vou! — Fabrício avisou a Amanda o que aconteceu.
—Desculpem, mas tenho que ir. — Ele se virou e correu para a porta. Não esperou que os outros lamentassem a sua ida, pois estava preocupado com o amigo. Pensou que poderia ter sido uma atitude mal educada, mas isso não era importante agora...


Duas semanas depois...

—E agora os formandos de irão subir ao palco para a grande foto final. — O teatro do colégio estava todo decorado para grande formatura. As luzes formaram laços nas paredes. Enormes fitas decoravam os corredores, um tapete vermelho cobria a frente do palco. O teto estava coberto por enfeites prateados. Uma fila de estudantes vestidos com becas se formou ao longo da escada do palco. Todos subiram. O palco logo estava tomado por vários estudantes. Então, o diretor anunciou.
— Agora, senhoras e senhores... o grande momento. O fechamento de um ano incrível, repleto de conquistas e descobertas. Que os nossos alunos possam seguir vencendo, como venceram esse ano. — Iniciaram uma contagem regressiva. Um grupo de cinco jovens se dirigiu à frente dos estudantes.
— Três!... dois... um! — Cláudia estava com a aparência recuperada, sem qualquer marca da agressão do pai. Ao seu lado estavam Fabrício e Victória, ambos fitavam a família sentada na platéia. O sorriso encobria suas faces. Augusto estava com algumas marcas no rosto, mas já se sentia melhor, ainda mais com Pedro ao seu lado. Os cinco abriram a beca no momento exato da foto. Cláudia estava com um conjunto de calcinha e sutiã cor de rosa estampados com pequenas cerejas. Fabrício vestia uma samba canção azul. Victória um baby doll azul marinho com detalhes de desenhos animados. Augusto usava uma boxer listrada, o seu corpo ainda apresentava pequenas manchas, mas nada que o deixasse envergonhado. Pedro usava uma samba canção rosa com caveiras vermelhas.



FIM




Na última fileira do teatro, um pequeno grupo estava sentado com as pernas apoiadas em cima das poltronas a frente. Três meninas e três meninos comiam um enorme pacote de pipoca doce.
— Mais uma manada de idiotas. — Disse o menino sentado na poltrona do meio entre as duas amigas. Todos os seis se entre olharam e gargalharam. Continuaram ali, comendo pipoca e rindo da cara dos formandos em roupa de baixo. Eles sabiam que iram fazer melhor. O próximo ano seria o seu ano. E mal podiam esperar...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Os Gigantes estão chegando: Estevan

Gigantes Anteriores: capítulo 01: Fish, capítulo 02: Cláudia, capitulo 03: Pedro, capítulo 04: Augusto, capítulo 05: Victória.



Os dias aqui são compridos. Sério, você não sabe o quanto os meus tios são controladores. (Acho que foi ordem do meu pai) pelo menos consigo ficar livre na faculdade. Acho que já fiz alguns amigos.
É o que você sempre dizia, não? Sou grudento e popular
” 12 maio, 2008.


Ei, não esqueça que eu te amo. Quero ver você escapar dessa
Estou enviando um cd de uma banda que acho que você vai adorar, se chama Broken Social Scene. Eles são ótimos
Uma colega da faculdade que me indic
Espero mesm

” 22 agosto, 2008


Eu iria enviar essa carta semana passada, mas pensei que seria legal se a Julianne e o Ed escr
alguma coisa.
As próximas linhas já não são minhas, coelho branco.

Oi, ... a gente te apelidou de coelho branco

você tem muita sorte c
ama muito.
Ok, ele me obrigou a escrever isso...
-Ed
Oi, fofo.
Olha, se você for lindo como o Estevan diz, já vou querer dividir você com ele. Fico com suas pernas, está bom?
Espero que a gente se encontre um dia
Estevan iria adorar
Tchau,
Julianne.
” 06 junho, 2008.


Oi, em todas as cartas que te envio eu nunca digo ‘oi’, né? Estou sempre ansioso para contar todas as coisa que aconteceram durante a semana

Hoje fui ao um mercado, sério! Mas o incrível é que dentro tem um café
fui com dois amigos da faculdade. Já falei muito de

estão sendo incríveis comigo
consigo ser o idiota que você gosta.
Você ainda gosta de mim?

eu t

” 01 setembro, 2008.

Pedro analisava cada pedaço de papel que derrubou da caixa que recebeu de sua tia pela manhã. Não achou que encontraria destroços de cartas, talvez algum objeto de Estevan que os comprometesse, mas não cartas.
O chão estava coberto pedaços de papéis, ele não poderia contar ou se quer juntar as partes para entender as cartas. E também não era necessário. A cada parágrafo ou linha que ausente ele parecia estar presente quando Estevan as estava escrevendo. Os elogios pareciam reconstruir as linhas e as promessas de amor eterno completavam as frases que terminavam com “eu te amo”.
Estevan estava sorrindo, talvez forçando risadas sobre os assuntos intelectuais que mantinha frequentemente com os colegas da faculdade nova. Antigamente Estevan estaria entusiasmado com as comparações que faziam despreocupados com a veracidade das igualdades, porém agora sentia que precisava se esforçar. Os dias eram longos, como ele sempre anotava em suas apostilas universitárias, os cantos pareciam paredes de prisão com tantas anotações e números que marcavam os dias.
Uma hora depois estava na hora marcada, sempre no mesmo local, ouviu o sinal que o tirava da liberdade assistida e o transferia para o regime solitário. Seu tio, irmão de seu pai, parece uma cópia diabólica de seu pai. Às vezes pensava em fingir um descontrole e, com toda a raiva que juntava ao longo dos dias, descontar no rosto de seu tio. Talvez a dor fosse igual ao a semelhança dos dois. Seria um estrago épico à estrutura de um rosto.

Os intervalos entre as aulas eram agradáveis. Seus amigos, Ed e Julianne, esforçavam-se para provar que se Estevan tentasse esquecer a dor talvez ela fosse realmente embora. A conversa sempre era produtiva, e dessa vez ultrapassou os limites que Estevan mantinha com os amigos. Ele realmente conseguiu esquecer os problemas. Esquecera que tinha pai, esquecera a mãe controladora mas sempre ausente, esquecera seu quarto, sua cama, seu amor. Não lembrava mais que cicatrizes um dia já possuíra. Por fim, não lembrava mais de Pedro.
Por um minuto deixou os risos espontâneos de lado e enfiou a mão no bolso para checar o celular. Uma nova mensagem.
“ME ESQUECE, ACABOU. POR FAVOR”


Estevan implorava aos amigos dinheiro. Saiu da faculdade direto para o aeroporto. Já não havia caminho para voltar, só lhe restava dor. Estevan imagina que tudo que estava sentindo era coragem por finalmente decidir seu destino.
Pedro não chorou e disse a si mesmo que não iria chorar. Ele segurava os papéis com firmeza. Como pôde ser tão fraco? Como desistira de tudo? Perguntava-se várias e várias vezes, mas sabia as respostas que procurava estavam com uma única pessoa. E ela não estava mais lá, nunca mais estaria.


Durante toda a manhã Victória pensou em como resolver todos os seus problemas. Ela não sabia o porquê de ser tão má com a irmã ou porque repudiava o apoio da família. Sempre sentia inferior, eles pareciam torna-la inferior. Agora, eles à tornavam estúpida. Eram eles que faziam esses sentimentos ruins fluírem de dentro dela. Odiava-se por odiá-los.

—Não tem lixo? — Um senhor estava em pé ao lado da catraca do ônibus. Ele parecia fraco, suas roupas eram simples e o boné vermelho só destacava o seu rosto caído. O cobrador do ônibus balançou a cabeça em tom de desaprovação. O senhor, no entanto, entendeu aquilo como uma resposta. Como um não. Voltou à sentar-se no acento preferencial. Estava com alguns pedaços de papel na mão e uma pequena embalagem de balinha. Ao tentar colocar o lixo no bolso, sua mão forçou o bolso e, sem querer, derrubou tudo que segurava no chão.

O balanço do ônibus não o impediu de levantar-se do banco para recolher o lixo ao chão. Victória não sabia por que prestava tanta atenção nos movimentos daquele velho homem. Ela percebeu que algumas pessoas o observavam com o mesmo olhar com que o cobrador o evitava. O senhor recolheu um velho jornal em baixo do acento e, lentamente, voltou a sentar. Após a leitura, ele enrolou as folhas do jornal em como uma bolinha. E nada mais fez, apenas esperava o ponto de ônibus certo para descer. Esse havia sido o momento mais estranho que Victória passou em toda a vida. Não pelo que presenciou, mas sim pelo que sentiu. Ela enxergou-se na cena, e não sabia como. Ela continuou sentada observando-o. Um dia, ela pensou, já ter encontrado aquele senhor. Ou como costumava achar que conhecia todos, logo descreveu a situação como casual.
—Ora, quantas pessoas derrubam as coisas no chão!? — falou em voz alta. O rapaz ao seu lado a encarou com julgamento. Victória percebeu o que acabara de fazer. Pela primeira vez falou sozinha sobre o que sentia. Sobre a dúvida. Rapidamente levantou-se e desceu do ônibus. Ainda corriam perguntas em sua cabeça. Victória gostaria de dizer a alguém que sofreu de epifania, mas não tinha certeza do que sentiu ao presenciar uma situação tão comum. Ela duvidava, porém apenas não queria admitir que agia como uma idiota e não poderia culpar ninguém por suas atitudes, e não poderia nomear de outra forma tudo que havia feito além de idiotice. Não ocorrera nenhuma epifania, apenas conclusão de fatos. Victória era uma idiota, em suas próprias palavras.
—Urrrr — murmurou.


Augusto atendeu o interfone.
— É o Augusto? Tem um menino querendo falar com você aqui na portaria. Disse que é urgente.
—Pode deixar ele subir.
—Acho melhor você descer aqui. — O porteiro abaixou o tom da voz e concluiu — ele está um pouco... transtornado. Acho melhor...
—Tudo bem, já vou. — Interrompeu. Saiu do apartamento apressado. Correu todo o corredor para não perder o elevador. Ao chegar ao térreo, avistou Pedro. O porteiro imediatamente destravou o portão, o barulho da trava destrancando anunciou a Pedro a chegada de Augusto. Saiu rapidamente e fitou Pedro que estava inquieto. Pedro segurou os braços de Augusto.
— Eu não queria... é sério — Pedro começou a falar sem parar, de repente se desesperou e embaralhou as falas que tinha planejado.
— Não quero que algo aconteça de mal com você. Eu gosto de você. Minha culpa... Não queria, mas não pude segurar... me sentia sozinho... me desculpe...
— Calma! Calma... — Augusto puxou Pedro e o envolveu em seus braços. Ele apertava-o como demonstração de afeto. Queria dizer que ali ele estava seguro. Ainda não entendia o porque ele o procurou e o motivo das coisas que antes não conseguia falar.
—Você... — Pedro chorava e seu desespero prendeu a atenção de augusto. Nenhum dos dois percebeu que um carro estacionou no outro lado da rua. Uma pessoa desceu do carro tão rápido quanto estacionou, não fechou a porta do motorista. Augusto levantou o olhar e enxergou uma sombra que corria em sua direção. Por um segundo voltou a observar Pedro e, na fração de segundo, foi atingido por um cano de ferro. Seus olhos agora dobravam imagens paralelas. Não sabia mais o que estava acontecendo, antes que seus olhos pesados fechassem-se ele observava vultos apressados. Vultos que pareciam pular em cima de sua cabeça e sobre todo o seu corpo, e antes que o zumbido em seus ouvidos fosse consumido pelo silêncio, só conseguia notar gritos abafados. Não poderia mais dizer a Pedro que ele estava seguro.


Próximo e Último Capítulo: Amanda

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Terra

TERRA s.f. 1. O planeta em que habitamos. 2. A parte sólida do globo terrestre não ocupada pelo mar.

Está é a definição de "terra" que encontrei em meu velho dicionário, da escola da pré-escola. Mas isso não é o importante. Hoje eu presenciei como a terra cobriu Minha Vó, Dona Dalva. Eu me sento mal por não gostar de últimos momentos, talvez por ter presenciado só dois enterros. Este foi o segundo. Não sei se vou me acostumar, mas não quero gostar desse momento triste. No Templo, onde todos estavam, fiquei estagnado. Não sabia com quem falar, como falar e, nem muito menos, o que falar. Logo depois, sentado na ultima fileira de cadeiras pretas e acolchoadas, me senti distante. Mais distante de quando, por brigas, me distancio da familia. E esse momento que nas novelas e filmes costuma unir e animar as pessoas, me fazia sentir mais distante. Mais, mais e mais. Foi quando anunciaram "Para todos que não se despediram, por favor, este é o ultimo momento até...". Eu não tive coragem até então para chegar perto do caixão. Foi quando me levantei e decidi ir até lá. Por um tempo, em pé, esperei que todos me dessem passagem. Como ultimo adolescente por perto, encostei no caixão e pensei em dizer algo, toca-lá com um toque doce, o mesmo que ela tinha quando me abraçava, mas eu não pude; o desespero foi maior. O mesmo desespero que comprimia minha cabeça e me encolhia na cadeira, apertou meus olhos e então, pela primeira vez neste dia, chorei. Minhas mão esquerda subiu até minha cabeça, e descontrolada, não sabia seu rumo. Me virei... Percebi que, como tinha ouvido antes, Dona Dalva estava linda. Como se tivesse dormido depois de um encontro feliz com todos que amava. Típico, pois ela é a pessoa mais feliz que conheço.

As dúvidas depois foram inevitáveis. Porque as pessoas esconderam seus olhos pesados por lágrimas com óculos escuros? Não era um esforço necessário? Porque tudo que se comentava seguia para aquele rumo final? Poucos comentavam coisas que terminavam com sentimentos bons.
Algumas respostas, para perguntas que ainda não consegui formular, me completaram o vazio. Eu ainda não aprendi sobre a vida, nem seu começo nem seu fim, apenas o viver. Que Dona Dalva, é exemplo de que não devo desperdiçar os momentos que fui tratado com carinho por todos. Sempre sorrindo deveria ser a lei da vida e exigido pelo governo. E que no meu fim, talvez um recomeço, seja sorrindo e bonito como o dela.

Outra coisa... Já perto de casa, me veio um desejo de comer um Tablito, picolé que experimentei pela primeira vez em um churrasco onde Dona Dalva distribuía sorrisos e sua frase 'Come... você não está com fome? Mas está tão bom!" que costumava me animar. Me animava seu sorriso, mais, mais e mais.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Comum: Epifania do Céu.

Olhe... o Céu! Pasmo, disse à todos. E no instinto todos olharam. Que estranho. Oh, murmuravam todos. A situação parecia critica. O medo se espalhou pela rua deixando todos paralisados e com aparência horrível. Mamãe, estou com medo. Exclamava uma menininha. Deus, salve nossas almas. Exclamava um senhor. Eu não posso acreditar, exclamavam vários outros. Pássaros começaram a aparecer. Dançavam em respeito ao Céu. E a cada nova cara que o Céu apresentava, em cada novo tom de azul que ele irradiava, mais trêmulas e fracas ficavam. Eles não entendiam o que havia acontecido, ou melhor, o que estava acontecendo. Uma lágrima começara a escorrer de todos os olhos humanos presentes. Desnorteados sem saber o que tinham feito ao Céu. se culpavam. Até que então, antes que a gota salgada lavasse seus rostos, uma nuvem cinza tomou toda região. O Céu deixara de ser azul, voltara a ser cinza. Suspiros felizes ecoaram em uma só voz. Agradecimentos diversos foram proclamados. Oh, ainda bem! Todos os amigos se foram, as buzinas zumbiram, e todos ficaram mudos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Borboletas Noturnas (Extra)

Capítulo extra: Caixa de Vidro


"Como seria a vida dos mortos? Um saco! De todas as coisas que podem acontecer deseje não morrer. É fácil entender porque tanta gente velha não quer morrer. O vazio se torna constante. Sua mente fica presa nos fatos anteriores, na sua vida. Todas as merdas que você já fez ficam rodeado sua mente vinte e quatro horas por dia. Pelo menos você não sente mais dor... porém, como consideração, os segundos que precedem os últimos batimentos do seu coração são os mais agonizantes possíveis. Mais dolorosos que o inferno."


Eu estava caminhando nessa merda de cidade vazia à mais de trinta minutos. Estava tudo um lixo. Alguém deu uma grande festa e esqueceu de me convidar. - Não por muito tempo. - Na esquina perto de casa havia um único carro ocupado. No banco do carona uma mulher estava sentada, acho que dormindo. Já no outro lado, apoiado na porta do lado do motorista, um cara parecia estar de porre. Ele vomitava uma coisa nojenta. Tossia e voltava a vomitar. Duas garrafas de vodka e apenas uma pequena porção de tequila dão o mesmo efeito. Eu sabia muito bem disso.

—Vai com calma, cara! — falei, tirando um bom sarro da cara do idiota. Não demorou muito e ele caiu no chão. Perdedor.

Quando cheguei em casa estranhei minha mãe não estar sentada no sofá esperando eu ou o Jonnhy. Na verdade ela estaria dormindo, como de costume, mas de acordo com meu celular eram apenas 21h. Ela estaria sonolenta, como um zombie, mas não dormindo. Revirei toda a casa, mas ela não estava lá. Pela janela notei que a casa da Senhora Dolayam estava bastante iluminada. Talvez minha mãe estivesse lá. Senhora Dolayam era a melhor amiga da minha, isso depois que meu pai nos deixou quando eu e Jonnhy nascemos. Bate na porta três vezes, ninguém respondeu então entrei. Já era de casa, não tinha vergonha de entrar assim. Na sala haviam três velas na mesa de centro que iluminavam muito bem o lugar. A cozinha também estava cheia de velas e pratos com pedaços de bolo e copos sujos. No corredor as estantes estavam com algumas velas acesas também. Depois do corredor uma pequena sala e uma porta que levava ao quarto da Senhora e do Senhor Dolayam. Em cima só haviam um quarto que eles estavam reformando para o bebê que a Senhora Dolayam estava esperando. Ela estava gorda, enorme! Acho que com uns sete ou oito meses.
Quando estava para sair, ouvi da escada um barulho que vinha do quarto do bebê. Subi aquela escada apertada com cuidado, no fim só havia porta do quarto. Abri cuidadosamente e pude ver a Senhora Dolayam revirando um pequeno armário. Ela estava tirando todas as gavetas e mexendo nas caixas cheias de objetos no chão.

—Senhora Dolayam! A senhora viu...— falei enquanto abrindo toda a porta. Foi quando notei minha mãe e o Senhor Dolayam jogados no chão. Eles estavam em cima de um plástico que estava sendo usado para proteger o carpete da sujeira da tinta da parede. Minha mãe estava toda suja de sangue. Já o Senhor Dolayam estava em uma situação pior, estava sem os olhos!

—Mais... que... porra! O que aconteceu? — gritei. Ela estava suando, seus olhos estavam enormes. Devia estar assustada com alguma coisa. Por algum motivo ela não me deu muita atenção, continuou revirando o quarto. Ela só parou quando achou uma caixa de ferramentas, de onde tirou um chave de fenda.
—O que você vai fazer com....
—Você não sabe o que eu vi. Você não tem noção, não né? — disse ela. Era notável o quanto estava nervosa.
—Calma... a Senhora pode explicar... não vai...
—Não, não posso! Sua mãe está morta! Meu marido! E eu estou morrendo... você não vai entender.
—Mas não foi a Senhora que fez isso... não é? Quem foi?
—Foi isso...—ela segurou com as duas mãos a chave de fenda e enfiou com toda força na barriga. O grito que deu em seguida foi o mais horrendo de todos. Sangue começou a sair por debaixo de seu vestido. Levantei e tentei impedi-la de continuar se mutilando. Ela começou a chorar tentando tomar a chave da minha mão.

—Você não entende. Você precisa... por favor — ela caiu no chão, mas o sangue não parou. O cheiro de tornou insuportável. Havia sangue por todo quarto. Soltei a chave no chão e percebi que a mancha de sangue no vestido da Senhora Dolayam só aumentava. Mas algo estava errado, o volume do seu vestido começou à aumentar. Como se algo estivesse saindo de sua barriga. O vestido se rasgou e algo começou à sair da barriga da Senhora Dolayam. Era uma criatura horrível. Como se fosse um bebê. Seu rosto era deformado e totalmente liso. Tinha uma pela manchada e a medida que ia saindo, seu corpo gordo parecia tremer. Era horrível, no lugar das mãos e das pernas haviam espécies de patas. Sua coluna era marcada. Quando terminara de sair do corpo da Senhora Dolayam, fez um movimento estranho. Já estava enojado quando saí correndo daquele quarto. Quase caí da escada, o que fez com que o barulho chamasse atenção da criatura. Ela seguiu se arrastando atrás de mim. Esbarrei na estante do corredor derrubando das as velas. O carpete todo entrou em chamas, a criatura que estava se arrastando rapidamente começou a se queimar. As chamas envolveram o seu corpo. Mesmo assim ela insistia em se arrastar, até que se deitou no chão e agonizou soltando um grito extremamente alto e agudo. Corri pela rua assustado enquanto aquele grito continuou soando pelos meus ouvidos. Quando virei a esquina notei que o carro do cara bêbado ainda estava lá. Como o carro ainda estava com os faróis ligados resolvi pedir ajuda, mas quando cheguei do lado do carona percebi que a mulher que estava ali também estava morta, assim como o cara jogado no chão. Notei que a chave do carro ainda estava lá. Empurrei a mulher do carona e liguei o carro. O rádio explodiu um barulho de chiado muito alto. Não tive tempo de mudar, apenas acelerei em direção ao shopping. O display do rádio marcava 21h 37 min.


—Jonnhy, quando tudo isso vai acabar? — perguntei
—Eu não sei, Bene. Espero que acabe logo. — As coisas estavam acontecendo de forma estranha, eu estava com um aperto no peito. Era como se alto estivesse me dizendo que tudo poderia piorar. Nós estávamos ali há um bom tempo e aqueles seguranças não faziam nada além de rodear a Nadhianne. um deles cutucou a perna dela com o pé. Isso foi o suficiente para irritar profundamente o Jonnhy.

—Ei! Cara mais respeito com a garota! Ela morreu e vocês não fazem porra nenhum! Porque um de vocês não vai lá em cima ou tenta chamar alguém para levar ela daqui? Vocês acham que vamos ficar esperando os anjos levarem o corpo de manhã? Nós não temos esse tempo todo! E a familia dela, seus idiotas?
—Olha aqui rapaz...
—Olha aqui nada! Essa porra de shopping não gerador? Se tivesse talvez isso não tivesse acontecido! — depois de todo o sermão de Jonnhy, um dos seguranças resolveu subir até o hall do cinema para encontrar os dois únicos seguranças que vigiavam os andares superiores. Alguns minutos depois o segurança que ficou com a gente lá embaixo tentou chamar o outro pelo walk-talk, mas ele não respondia. Um chiado estranho era o único barulho que escutávamos.

—E agora? O que seu amigo idiota foi fazer lá em cima? Dormir? Porque essa merda não funciona?— disse Jonnhy
—Okay. Já estou cansado de você ficar tagarelando, mocinho. Acho melhor você calar a boca — o segurança sacou uma arma e apontou para a cabeça de jonnhy. Eu não podia fazer nada, estava apavorada com tudo. Me sentia fraca.
—O que você vai fazer? Vai atirar em mim... e depois? — enquanto Jonnhy falava, ele fazia uns gestos para que eu saísse de trás dele. Como se estivesse planejando algo. Quando me esquivei para a esquerda Jonnhy chutou a virilha do segurança que caiu no chão de tanta dor que sentia. Jonnhy pegou a arma.

—Seu filho da puta! — gritou o segurança. Jonnhy atirou na coxa do segurança;
—Não fale da minha mãe! — Jonnhy me encarou, como se estivesse com vergonha pelo que tinha feito. Apontou a arma para a cara do segurança que não para de agonizar no chão e começou a procurar algo no bolso dele. Dali Jonnhy tirou um bolo de chaves. Depois me puxou e disse:
—Vamos, a gente tenta conseguir ajuda lá fora.
—Okay, mas e ele? — apontei para o segurança.
—Daí sabemos que ele não vai sair correndo. Né? — Jonnhy deu um sorriso amarelo tentando me acalmar. Ele não conseguiu. Corremos para a entrada principal que estava fechado com uma grade de ferro. Enquanto Jonnhy estava procurando a chave certa para liberar a porta das grades, ouvi um barulho estranho abafado vindo de fora. Como se fosse uma batida de carro ou ferragens sendo cortadas.

—Você está escutando isso? — perguntei, nervosa.
—O quê? — o barulho da tranca da grade cortou o assunto. Jonnhy me pediu ajuda para empurrar a grade para cima. Em uma só vez empurramos a grade que subiu rapidamente, logo em seguida Jonnhy fitou a tranca da porta de vidro e começou a procurar a chave para abrir; Ele não tinha notado que lá fora, perto da pista que dava acesso à frente do shopping, havia um carro capotado, totalmente destruído. Mais ao lado alguma coisa estava segurando um corpo, que era bastante familiar, era uma criatura enorme. Como se fosse um homem deformado. De repente ela fitou meus olhos como se soubesse que eu estava observando-a.

—Jonnhy... olha...— A criatura soltou o corpo, que parecia estar todo dilacerado, e começou a correr em nossa direção. Quando Jonnhy resolveu levantar a cabeça para olhar ela já estava bem perto. Ela saltou em direção a porta de vidro, em uma fração de segundos Jonnhy só conseguiu me empurrar. O Vidro da porta se explodiu em pedaços e a criatura caiu em cima de Jonnhy. Eu caí um pouco mais à frente, quase batendo a cabeça na parede lateral. Entre os pedaços de vidros e a grade de ferro que estava jogada na entrada, a criatura se levantou. A sua imagem era muito mais assustado de perto. Ofegante, ela abaixou e segurou Jonnhy pelo pescoço. Percebi que ele ainda estava vivo, não por muito tempo. Aquela coisa apertou o pescoço de Jonnhy com tanta força que seus olhos ficaram cheios de sangue. Me levantei assustada e saí. A criatura jogou Jonnhy no chão e parecia me procurar. Corri em direção a pequena Avenida em frente ao shopping. Em um salto para fora do shopping, a criatura veio em minha direção. Assustada segui correndo, sem olhar para trás. Só podia notar os tremores que a criatura causava enquanto saltava atrás de mim. Quando estava para atravessar a Avenida, senti algo forte me puxando pelos pés. Com toda velocidade que estava correndo, caí com todo o corpo no asfalto. Percebi que a criatura estava me puxando com suas patas. Meu rosto foi arrastado pelo asfalto. Eu chorava de dor. Meu rosto estava ficando em carne viva. Com força ela me jogou no meio do asfalta e colocou suas patas em minha barriga. Com toda a pressão que a criatura fazia sob minha barriga, senti uma forte ânsia de vomito. Em uma instante ela vomitara sobe minha cabeça. Era como se ratos queimados e sujos de sangue andassem por cima de minha cabeça. O cheiro insuportável me fez vomitar. Uma das coisas que a criatura vomitara começou a entrar pela minha boca. O desconforto era insuportável. Pouco a pouco sentia aquela coisa descendo por minha garganta. Minha cabeça começou a latejar. Fui ficando fraca, meus batimentos começaram a diminuir. Meus olhos ficaram pesados. A dor continua insuportável, mas me sentia paralisada. A dormência que sentia fez com que eu perdesse a visão. Os batimentos do meu coração estavam cada vez mais fracos. As imagens, antes embaçadas, foram tomadas por um grande vulto negro. A escuridão...

Fim.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Uma Carta Para Meus Amigos da Escola...


"Esse ano as coisas aconteceram de forma diferente para mim. Talvez tenha sido um ano incrivel, onde eu aprendi muitas e muitas coisas. Acho que vocês também, ou não. Eu queria compartilhar um tempo mais essas coisas com vocês, sei lá. Não me perguntem o por quê, mas foi um ano bom e agravavél. uma porção de coisas. De tantos aprendizados, aprendi três coisas importantes. Então resolvi coloca-las no papel e ler para vocês.

A primeira coisa que aprendi foi que a escola é como uma floresta, uma selva. Porém, diferente do que muitos pensam, a lei da selva não é matar para sobreviver, e sim levar e pegar o que se precisa para se manter vivo. A gente pode contar varias historias para tentar agradar todos, a gente pode fingir que não está aqui - talvez por tímidez ou outras coisas - a gente pode vestir a roupa que for, fazer o que for, mas as pessoas só vão acreditar se for verdadeiro. De sentimento e coração. Não importa se a verdade seja chata ou estranha. Só a verdade vale. E isso é bem difícil.

A segunda é que todos somos diferentes, não melhores que os outros. Tem aquelas que parecem não se importar com as coisas, só se for a própria aparência, mas se você as conhece melhor vê que elas são legais. Não só menininhas. São quase mulheres, né? Independente do tamanho. Só precisariam levar as coisas um pouco mais a sério. Mas quem sou eu para julgar esses brotinhos delicias.
Tem os Anônimos, aqueles que se sentam nos mesmos lugares, que ninguém mexe. Pessoas simples e encantadoras. Talvez com um volume de voz muito baixo, mas todo mundo é diferente. Só colocar óculos que melhora.
Tem o pessoal da zorra, sem muitos comentários ou qualquer quote engraçado. Nem sempre são idiotas o quanto a gente imagina. Dá até para encontrar um grande amigo entre eles. E por fim tem aqueles que a gente gosta - me desculpem o uso da palavra - mas foda-se. A gente gosta deles. Estranhos, altos, baixos, loucas, loucos e sei lá mais o que.

Agora a terceira, mas não menos importante, coisa que aprendi com vocês. Por tudo e por todos, pelas circunstâncias e ações. Nós só temos dezessete anos. Não precisamos ser tão sérios, ou tão bobos. As coisas vão acontecer. Nós vamos fazer as coisas acontecerem. Não porque a professora de historia disse que nós temos ou porque está no nosso destino. Nós vamos fazer fazer isso por nós. Nós podemos fingir que não vemos as coisas, que brigar com um amigo por uma coisa que nós nem sabemos como aconteceu. A gente pode tomar atitudes precipitadas por achar que as pessoas são de um jeito, mas elas não são. Nós só temos dezessete anos. Tem muita coisa por aí, nesse estradão. Mas nós só vamos levar as coisas boas. Eu quero levar esses amigos. Para sempre.
É disso que eu queria falar com vocês. Eu tive que colocar no papel.

Esse foi um ano incrível, o que ano que vem também vai ser. Mas por enquanto, são essas coisas boas que eu quero vocês sintam. E que tudo seja bem melhor.


Com muita gratidão, Kabe Rodrigues H.F.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Breve Conto de um Jovem Barão Apaixonado.

Júlia era uma menina muito feliz, bonita e tinha um charme único. Eu nunca falava com ela, mas nossos olhos sempre se encontravam. O castanho parecia dançar com o verde. Meus olhos pareciam imãs no ferro verde. Todos, ou quase todos os dias, isso acontecia. Pura química, destino, parecia ser paixão a beira do amor. Sonhava em contar o que sentia a ela e assim poder tocar o seu leve cabelo loiro ou pelo menos dizer um oi.

Não sabia como fazer, só sabia que teria que arriscar tudo. O quê as pessoas pensariam de mim? Eu parecia outra pessoa me julgando:
- Que rapaz estranho, se apaixonar sem mesmo conversar com a menina...
- Quem é aquele cara que tentou paquerar a Júlia? Que bobão.
- Seriam um casal estranho.
- Ela nunca aceitaria o convite de namoro desse estranho. (...)

Tomar atitude foi fácil, o difícil foi superar a decepção. No final da aula fiquei determinado a dizer a Júlia o que sentia e que nós poderíamos nos dar bem. Me choquei quando vi e ouvi uma cena que parecia ser de novela:
- Vamos Júlia! O rapaz a beijou. Aqueles que pareciam ser os lábios mais doces dentre os mais doces do Universo. Ela pegou em sua mão e rapidamente olhou para trás. Nossos olhos se encontraram novamente. Os dela estavam felizes e lindos como sempre, os meus cabisbaixos e tristes. Ela ajeitou o violão em suas costas e seguiu com o rapaz. Talvez ele fosse o galã da novela de amor que Júlia precisava, mas nunca como eu poderia ser. Sim, seria prepotência minha achar ser melhor que um rapaz que eu conhecia ao alto. Não me bastava querer, eu tinha que conseguir o encanto desse amor.

Eu sentia que poderíamos dar certo, tinha o sentimento da certeza do amor. Mas como se fosse outra pessoa narrando um conto, dei fim a história. Assim aquele jovem romântico fraco, desligou a televisão da novela de amor de Júlia. A imagem dos dois desapareceu, apesar de ser diariamente vista. Fraco, foi dormir.


Quarta-feira, 27 de maio de 2009. Rodrigues, Kabe.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

I feel like I am blind


Um giro de 90 graus. Água caiu sobre minha pele.
Um giro de 90 graus, parou. Peguei o sabonete, esfreguei tal rosto
familiar.
Tirei toda aquela tinta da cara. Limpei toda sujeira de outros em mim.
O sabão caiu em meus olhos. Incrível, me senti com a doce burrice
do preconceito. Cego, doía, mas eu apertei os olhos. Doía mais e mais.
Livrei-me, um giro de 90 graus.
Água caiu sobre meu rosto e pele. Agora me senti com o azedo sabor
do respeito. Limpeza espiritual, mais conhecida como higiene mental.

domingo, 31 de agosto de 2008

Preciso poder...

Eu teria milhões de boas palavras para escrever aqui. Eu teria centenas de historias para contar. Poucas delas com um talvez final feliz e a maioria com sofrimento. Sei que isso aqui parece mais um dos livros “desventuras em series”, no qual eu recomendo ler, cheio de tristes palavras. Mas o que eu, pobre imortal posso dizer?

“Viver aqui como um semideus é agüentar as dores em ser metade diferente e metade normal.”

Eu agradeceria a Zeus pelas suas benfeitorias, eu abraçaria todos os amores que eu tive (pouquíssimos), eu correria no campo com você. E eu sei que você sabe que por mim esse campo seria infinito, um campo verde com flores das mais belas e também imortais. Eu fugira da kryptonita como um louco qualquer ou como Clark Kent. Eu escreveria na água o quanto gostei de estar com você e o quanto foi bom os momentos felizes que tive (pouquíssimos). Eu escreveria na água até nela ficar marcado todas essas historias. Eu agradeceria por viver sempre com esse poder, até perdê-lo de tanto elogiá-lo. Eu deitaria no céu contanto nuvens e mais nuvens de algodão só para relaxar e passar o dia olhando para o céu perfeito ao nosso redor. Não ao nosso redor, em cima de nossas cabeças. Assim então, tentaria capturá-lo se fosse este o seu desejo. Eu comeria aquela maçã mais suculenta do melhor pomar do mundo, mas mesmo assim ainda estaria com cede. Eu escutaria as mais lindas músicas, aquela música, cantaria e no seu fim esperaria que você voltasse. Eu pularia cada poça de água enquanto a chuva caísse sobre mim. Eu colocaria o meu maior sorriso lembrando velhas historias engraçadas. É, eu faria tudo isso. Mas o que deu pra fazer foi... chorar.

Infelismente por: Kahh B. Rodrigues HF.

domingo, 29 de junho de 2008

“Quando a terra desabar: pássaros sabem voar e voarão para a terra mais próxima.”

Eu vejo as pessoas caindo, somente você parece alcançar o pico do monte Everest. Então você não sabe o que fazer, então corre pra ajudá-los. Você corre pra ajudá-los, mas às vezes não consegue. Pois quando você está no pico mais alto, olhar pra baixo fica como procurar bactérias no ar. Você deseja tudo o que há de bom pra elas. Boa sorte. Você se sente em um filme onde o começo está no fim, o meio é o começo e o fim só vem na metade. Confuso. Você não tenta esquecer, o que seria horrível para você e para eles. Conjunto. Você só quer todo mundo bem...

Você não sabe, mas ser feliz é transmitir felicidade.
Você não vive apenas feliz, com pessoas infelizes no seu lado.
Você corre pra ajudá-los, mas às vezes você não consegue.
Eles caem, e você não sabe correr. Ajudá-los.
Ajudá-los é correr para a felicidade.

Você pode chamar isso de leitura pós-moderna. Já eu chamo isso de baseado em pessoas reais.

Por: Kabe Rodrigues HF.

terça-feira, 10 de junho de 2008

"Durma querido, e queira não mais acordar... Pois saber como é a vida, é o pecado em estar vivo."


Por: Kahh B. Rodrigues HF.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

De suas palavras, nenhuma boca saiu.

(Tip of Movie: Eternal Sunshine of the Spotless Mind/Michel Gondry-E.U.A. 2004)

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Fiquei sabendo que faz quase um mês.
Compreendi que não tem mais vez.
Agora estou ciente de toda enlouquecida jornada de amor.
Fiquei sabendo que agora tudo aquilo é o seu novo amor.
Nem com cartas nem com dores irei tomá-lo de ti.
Fiquei sabendo que faz quase um mês.
Que não são as minhas palavras que te confortam.
Não é comigo com quem tu te preocupas.
Fiquei sabendo que não foi por não ter motivo, foi por não ter amor.
Fiquei sabendo que faz quase um mês, que eu não te olho com o mesmo sentimento.

Fiquei sabendo que de tudo eu não sabia nada, e faz quase um mês.

By: Kahh B. Rodrigues

domingo, 11 de maio de 2008

Um dia o amor vencerá (yn)


Ela não me ensinou a andar de bicicleta.
Ela não me ensinou a pedir desculpas.
Não me mostrou o que era amar. Deu-me tudo menos o amor puro.
Ela não me ensinou o Hino Nacional.
Ela não me colocou de castigo quando eu não fazia a lição.
Ela não me puxou pela mão e disse o quanto lutou para dizer “eu te amo” no fim da tarde.
Ela não pediu desculpas quando estava errada. Ela me ensinou a me culpar.
Ela não me ensinou que esse amor que me falta se transformaria em ódio.
Ela não uniu, e sim, separou o meu maior bem de mim. Meu irmão.

Ela não me mostrou o valor que a falta faz.
Ela não me ensinou a conversar. Ela me ensinou a chorar.
Ela não parou para brincar. Mas usou a sua melhor arma: “- tudo o que eu fiz foi para você!” Ela fez tudo para mim. E não por mim.
Sinto dizer, mas o que não me faltou foram facas, cordas e armas... Para acabar com essa falta.
Como todo o coração, eu não te amo tanto mãe. Não o quanto deveria.
Mas espero um dia poder te amar incondicionalmente.
Sem cobrar. Sem chorar. Sem brigar. Sem se arrepender. Apenas amar-te.
LEIA O LIXO, RECICLE AS IDEIAS.